Berlim O rei Abdullah II da Jordânia revelou ontem que o país desenvolve um programa nuclear com fins econômicos. O rei também disse estar preocupado com as poucas informações sobre as questões que serão discutidas na conferência sobre o Oriente Médio que será realizada este mês em Annapolis (Estados Unidos).
"Sim, temos um programa nuclear com fins econômicos", afirmou o monarca jordaniano em entrevista à revista Der Spiegel durante sua viagem à Alemanha. "A Jordânia tem a sorte de contar com quase 3% das reservas mundiais de urânio E não é só isso, trata-se de urânio de altíssima qualidade. Isso faz com que a opção nuclear se torne muito interessante para nós. Resumindo: sim, temos um programa nuclear", declarou Abdulah II.
Ele afirmou que a opção nuclear não é um caso novo para o país. "Esse tema foi recorrente nas conversas que tivemos com o Ocidente nos últimos dois ou três anos." "O preço do petróleo afeta negativamente nossa economia e nos obriga a buscar alternativas em coordenação com a organização internacional competente", acrescentou.
Uso pacífico
O monarca jordaniano considera legítimas as propostas semelhantes de outros países árabes. "Espero que ninguém no Oriente Médio pense em outra coisa além do uso pacífico da energia atômica", comentou.
Ao ser perguntado sobre o Irã, respondeu: "O Irã tem ambições nucleares, o que os próprios iranianos afirmam. Em todo caso, a Jordânia tem um vizinho com capacidade nuclear", disse o rei, sem mencionar Israel diretamente. O monarca jordaniano afirmou que a paz com Israel é "um imperativo estratégico".
"Confio, no entanto, em que uma vez que a paz no Oriente Médio seja alcançada, nossas relações comerciais melhorarão", acrescentou Abdullah II, que não quis arriscar uma data para um acordo entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP). "Se nos próximos seis ou sete meses não ocorrer um acordo, também não haverá nos próximos quatro, cinco ou seis anos", afirmou o monarca. "Para solucionar o conflito do Oriente Médio precisamos dos Estados Unidos e, gostemos ou não, o certo é que se passarão pelo menos dois anos até que o novo presidente americano esteja em situação de fazer algo. Por isso, é preciso aproveitar o tempo restante, como se fosse a nossa última oportunidade", acrescentou.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, e o rei Abdullah II ressaltaram ontem, em Damasco, o papel "positivo" que a Síria desempenha na segurança e estabilidade do Líbano e insistiram em que a eleição do presidente libanês é um assunto interno.
Segundo um comunicado oficial, divulgado após uma reunião ocorrida ontem, "os dois líderes dialogaram sobre a situação no Líbano e expressaram o total respeito de seus países à soberania libanesa".