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Rei do Nepal recua após protestos

Katmandu – O rei Gyanendra, do Nepal, declarou ontem que devolveria a soberania ao seu povo e pediu que os sete partidos políticos coligados numa frente de oposição indicassem um primeiro-ministro. "O Poder Executivo do reino do Nepal, que estava sob nossa proteção, será a partir deste dia devolvido ao povo", afirmou Gyanendra, vestido em seu mais solene traje de gala, em cerimônia transmitida pela rádio local.

O monarca do pequeno país do Himalaia abre mão, com isso, dos poderes absolutos que assumiu em fevereiro der 2005, quando fechou o Parlamento e centralizou todas as decisões políticas e administrativas, sob o argumento de neutralizar a guerrilha maoísta, que em uma década já provocou a morte de 13 mil pessoas.

O país estava paralisado desde o último dia 6, quando a frente de oposição comandou uma greve geral e promoveu manifestações em favor da democracia. Ao menos 12 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confronto com a polícia, mesmo com o toque de recolher entre 9 horas e 24 horas.

Os dois principais partidos disseram que a declaração de Gyanendra não punha fim à crise, porque ele não convocou uma assembléia constituinte capaz de reduzir seus poderes a um plano puramente simbólico, a exemplo da britânica Elizabeth II.

Com 140 mil quilômetros quadrados – um pouco menor que o Estado do Acre, no Brasil –, o Nepal é um dos países mais pobres do mundo. Tem 40% de seus 27,6 milhões de habitantes abaixo da linha de pobreza. Atrai divisas estrangeiras em razão do turismo, com seu relevo montanhoso e os picos nevados do Himalaia.

Os partidos políticos começaram a ser tolerados pelos ditadores nepaleses em 1990. Em 2001, o príncipe herdeiro, Dipendra, matou o rei Birendra, seu pai, suicidando-se em seguida. Após o massacre do palácio real, Gyanendra, irmão do monarca assassinado, assumiu o trono. O novo rei demitiu por duas vezes os chefes do governo, qualificando-os de "incompetentes" para enfrentar a guerrilha.

A repressão contra o movimento comandado pela oposição assumiu tamanha proporção que ainda ontem, em Genebra, cinco especialistas da ONU em direitos humanos exprimiram sua "grave preocupação" com a "violência cega" das forças encarregadas de manter a ordem.

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