O rei Felipe VI indicou nesta terça-feira (3) o socialista Pedro Sánchez como candidato a tomar posse como presidente do governo da Espanha, depois de duas tentativas fracassadas do líder de centro-direita do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo.
Felipe VI comunicou sua decisão à presidente do Congresso dos Deputados, Francina Armengol, e a partir de agora Sánchez, que é o atual presidente do país, poderá iniciar formalmente os contatos com os demais partidos para buscar os votos necessários à sua posse.
Armengol compareceu hoje no Congresso para comunicar a decisão do rei, afirmando que só convocará uma nova sessão plenária de posse sobre a candidatura de Sánchez quando as negociações políticas "estiverem maduras", embora tenha lembrado que a data máxima é 27 de novembro.
A data da nova sessão plenária de posse, segundo anunciou Armengol, será acordada com o socialista.
“Entendo que agora temos que fazer as negociações adequadas para podermos fazer uma votação de posse com apoio suficiente e para que ela avance”, disse Sánchez, destacando que “é importante que o candidato tenha tempo para realizar reuniões com os diferentes partidos políticos”.
Neste sentido, disse que seu “bom senso” lhe diz “que quando a situação estiver suficientemente madura, convocará a sessão plenária com a maior urgência possível”.
A decisão do monarca espanhol de propor Sánchez como candidato era esperada, uma vez que o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) tinha demonstrado o desejo de tentar a reeleição e de reeditar o governo de coligação progressista com a legenda de esquerda Sumar.
Sánchez precisa agora reunir apoio suficiente para poder tomar posse na Câmara, seja com maioria absoluta na primeira votação, seja com maioria simples em uma eventual segunda votação 48 horas depois.
O PSOE tem o apoio dos seus 121 deputados, aos quais se juntariam os 31 de Sumar e, previsivelmente, os seis deputados independentistas bascos do EH Bildu e os cincos dos nacionalistas bascos do Partido Nacionalista Basco (PNV). A negociação mais difícil será com os independentistas catalães da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e dos Junts, que têm sete parlamentares cada.
Os dois partidos independentistas catalães exigem que o socialista aprove uma lei de anistia para os políticos condenados pela intentona separatista na Catalunha em outubro de 2017 e avance no reconhecimento do direito à autodeterminação para realizar um referendo de independência.
Além disso, o partido nacionalista Bloco Nacionalista Galego (BNG), cujo único deputado votou contra a posse de Feijóo, também alertou recentemente Sánchez que não tem o seu apoio garantido.
Hoje, em sua primeira entrevista à imprensa depois de receber indicação do rei espanhol, Sánchez rechaçou expressamente a realização de um referendo de autodeterminação na Catalunha.
Nesse sentido, afirmou que é hora de "generosidade, compromisso, liderança e política para resolver o problema político da Catalunha e avançar com a posse", garantindo que quando falar com todos grupos parlamentares "fixará uma posição" sobre suas reivindicações.
O líder socialista defendeu ainda a “difícil” decisão que tomou no ano passado em relação aos indultos aos condenados pela intentona separatista de 2017, porque hoje pode confirmar “que foi correta” e bem tomada por uma questão de interesse geral.
Sem mencionar abertamente uma lei de anistia, Sánchez reconheceu ainda que há conversas com os diferentes grupos e forças a favor da independência.
Caso Sánchez fracasse e não consiga tomar posse, novas eleições gerais serão convocadas para em janeiro do próximo ano. (Com informações da Agência EFE)