O Reino Unido concedeu autorização condicional, nesta quinta-feira (4), para o uso do molnupiravir, um antiviral contra a Covid-19. O país é o primeiro no mundo a autorizar o medicamento oral para o tratamento da infecção pelo coronavírus. O molnupiravir foi desenvolvido em parceria pelas farmacêuticas americanas Merck e Ridgeback Therapeutics.
A pílula foi autorizada para pacientes com casos leves a moderados de Covid-19 e que tenham pelo menos um fator de risco para quadros graves, como obesidade, idade maior de 60 anos, diabetes ou doença cardíaca.
A agência regulatória britânica de medicamentos anunciou que o antiviral é seguro e eficaz para a redução do risco de hospitalização e morte em pessoas com Covid-19 leve a moderada que têm risco aumentado de desenvolver doença severa.
"Hoje é um dia histórico para o nosso país, já que o Reino Unido é o primeiro país do mundo a aprovar um antiviral que pode ser usado em casa para tratar a Covid-19", disse Sajid Javid, secretário de Saúde. "Isso é uma grande mudança para os mais vulneráveis e imunossuprimidos".
"Esse é o primeiro antiviral aprovado no mundo para essa doença que pode ser administrado via oral, e não por via intravenosa. Isso é importante, porque ele pode ser administrado fora do ambiente hospitalar, antes que a Covid-19 tenha progredido a um estágio severo", explicou June Raine, chefe da agência regulatória de medicamentos do Reino Unido.
O monulpiravir, que tem o nome comercial de Lagevrio, funciona ao interferir no mecanismo de replicação do coronavírus. Isso impede que o vírus se multiplique e mantém baixa a carga viral no organismo, reduzindo a gravidade da doença. As autoridades britânicas recomendam o uso do medicamento logo após o teste positivo para Covid-19 e dentro dos primeiros cinco dias do aparecimento dos sintomas.
A notícia da aprovação é "muito bem-vinda", afirmou a médica farmacêutica Penny Ward, pesquisadora no King's College London. Essa é "a primeira medicação antiviral oral que demonstrou ser um tratamento eficiente para Covid", disse Ward à imprensa pelo Science Media Centre.
Durante ensaios clínicos, o molnupiravir reduziu em 50% as hospitalizações e mortes em um grupo de pacientes com maior risco para quadros graves da doença. Não foram registradas mortes no grupo que recebeu o medicamento, enquanto houve oito mortes entre as pessoas que receberam placebo (2,1% dos pacientes).
Cerca de meio milhão de doses da pílula devem ser entregues ao país em meados de novembro, com prioridade a pacientes idosos e outros com determinadas vulnerabilidades, como sistema imunológico enfraquecido. A quantia é limitada, diante do número de casos diários da infecção. O medicamento será inicialmente distribuído a pacientes por meio de um estudo nacional coordenado pelo sistema público de saúde do Reino Unido, noticiou o jornal The Guardian.
O governo britânico anunciou no mês passado o acordo de compra de 480 mil doses do molnupiravir, depois que o ensaio clínico conduzido nos EUA mostrou resultados positivos.
Nos Estados Unidos, o preço anunciado para o tratamento de cada paciente com a nova droga é de US$ 713 (cerca de R$ 4 mil). A Merck anunciou planos de produzir 10 milhões de cursos de tratamento do medicamento em 2021.
O Reino Unido já havia aprovado a combinação de anticorpos monoclonais Regeneron, que é intravenosa e somente aplicada em hospitais, e o remdesivir, que também é intravenoso.
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