A partir de 1º de janeiro de 2021, as empresas de telecomunicação do Reino Unido não poderão comprar equipamentos da Huawei para construir a infraestrutura da internet 5G no país, anunciou o secretário de Mídia, Oliver Dowden, nesta terça-feira (14). As empresas também deverão remover de suas redes todos os kits de 5G da Huawei até 2027.
"Esta não foi uma decisão fácil, mas é a correta para as redes de telecomunicações do Reino Unido, para nossa segurança nacional e nossa economia, agora e de fato no longo prazo", afirmou Dowden.
A decisão, que deve atrasar o lançamento da 5G britânica em um ano, vem depois de um enorme esforço dos Estados Unidos em alertar para a vulnerabilidade da segurança nacional de seus aliados caso a gigante chinesa das telecomunicações faça parte da estrutura 5G. Os EUA alegam que, como uma empresa baseada na China, a Huawei é obrigada, se solicitada, a compartilhar dados com o governo chinês, podendo comprometer informações de segurança dos países. A Huawei nega que já tenha sido solicitada a se envolver em espionagem a pedido do governo chinês.
As infraestruturas já existentes de 2G, 3G e 4G, poderão permanecer com equipamentos da Huawei, o que gerou protestos de parlamentares conservadores, que estão trabalhando em um projeto de lei para também banir a Huawei dessas redes.
No início deste ano, o governo britânico havia anunciado que permitiria a presença da Huawei em 35% das redes 5G no país, com a ressalva de que os insumos da chinesa não seriam permitidos em pontos sensíveis das redes e perto de instalações militares.
A mudança de posicionamento veio depois que os Estados Unidos barraram a Huawei de usar microchips de fornecedores americanos em seus produtos. Após análise, o Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido afirmou que os equipamentos da Huawei não poderiam ser considerados seguros com componentes que não são dos EUA.
"Acreditamos que os produtos da Huawei adaptados para lidar com as [sanções] provavelmente sofrerão mais problemas de segurança e confiabilidade por causa do enorme desafio de engenharia à sua frente, e será mais difícil confiarmos em seu uso dentro de nossas estratégia de mitigação", disse Ian Levy, diretor do centro.
Analistas britânicos lembraram que, além do aspecto da segurança, as negociações de um acordo comercial entre Estados Unidos e Reino Unido também podem ter influenciado as cabeças no número 10 da Downing Street, assim como a crescente preocupação do governo britânico com os abusos praticados pelo Partido Comunista da China, especialmente em Hong Kong, antiga colônia britânica.
A decisão deve custar às empresas de telefonia do Reino Unido cerca de 2 bilhões de libras, segundo Dowden. Com grandes subsídios do governo chinês, a Huawei tem condições de oferecer produtos de alta tecnologia por um custo mais baixo do que as rivais Ericsson e Nokia, e por isso é a preferida das empresas de telecomunicação, inclusive no Brasil.