Protesto de profissionais britânicos do setor de saúde na frente da residência oficial do primeiro-ministro, Rishi Sunak| Foto: Royal College of Nursing/Divulgação
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Desde dezembro do ano passado o Reino Unido passa por crise dentro do Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês). Profissionais exigem reajuste salarial e melhores condições de trabalho ao primeiro-ministro Rishi Sunak, mas o político aponta que não há condições de aumentar os vencimentos neste momento.

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Cerca de 500 mil trabalhadores da saúde estão em greve atualmente, envolvendo servidores dos setores público e privado. Essa é a maior paralisação laboral dos últimos 75 anos no Reino Unido, sendo que enfermeiros e fisioterapeutas devem também aderir aos protestos até o fim dessa semana.

Os profissionais justificam a paralisação como forma de valorização real dos salários da categoria, afetadas pela inflação crescente no Reino Unido — a maior dos últimos 42 anos. Em outubro de 2022, o indicador atingiu o valor de 11,1%. Como comparação, entre janeiro e outubro do ano passado, o Brasil registrou valor acumulado de 4,7% nesse indicador. Sunak aponta que conceder essa valorização iria pressionar ainda mais os preços e as taxas de juros, impactando ainda mais na economia britânica.

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O sindicato do Royal College of Nursing (RCN) enviou ao primeiro-ministro propostas de reajuste salarial no último fim de semana, mas ainda não houve avanço nas negociações. Enquanto isso, o governo britânico recomenda à população que se dirija aos centros médicos apenas em casos de emergência e para consultas pré-agendadas porque o sistema está sobrecarregado e ocasionando atrasos e interrupções nos atendimentos.

O sindicato propôs inicialmente um reajuste de 5%, mas indicou esta disposto a negociar um meio-termo com o governo. O RCN aponta que a falta de valorização tem impactado a continuidade da profissão no Reino Unido, com 25 mil pessoas deixando a enfermagem somente no último ano e a existência de 47 mil postos de trabalhos vagos para essa categoria.

O RCN defende que, desde 2010, os salários dos profissionais de saúde sofreram queda real de 20% devido à inflação. Isso impactou na qualidade de vida desses funcionários, o que fez com que muitos hospitais britânicos criassem bancos de alimentos para auxiliar esses colaboradores

Além dos possíveis impactos nas contas públicas britânicas, Sunak descarta o reajuste afirmando que o governo tem investido em outras áreas da saúde pública, em especial na compra de medicamentos, suprimentos e maquinários para os hospitais.

Mas a opinião pública se mostra favorável à solicitação dos profissionais de saúde. Pesquisa do Instituto Ipsos para a agência de notícias PA Media realizada no mês de janeiro apontou que 82% dos britânicos simpatizam com a greve e 57% culpam Sunak pela situação.

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Casos públicos de desassistência médica pressionam governo

Segundo o RCN, mais de 7 milhões de britânicos aguardam atendimento médico atualmente no Reino Unido, sendo esse um recorde histórico. Com essa demanda, alguns casos públicos de desassistência médica se tornaram públicos e têm aumentado ainda mais a pressão contra Sunak.

Um dos exemplos é o de Yusuf Mahmud Nazir, menino de cinco anos e residente na região de Sheffield, no norte da Inglaterra. Yusuf morreu em 23 de novembro após ser liberado de um hospital por não haver leitos disponíveis, mesmo com a criança tendo quadro de pneumonia e tendo que esperar diversas horas.

Outro caso que ganhou repercussão foi o de Lesley Weekley, 73 anos, moradora da cidade de Barry, no País de Gales. Lesley aguardou por duas horas uma ambulância que pudesse buscar o marido na residência do casal, após o homem sofrer uma parada cardíaca. Sem atendimento, o paciente veio a óbito no local.

Com a pressão popular e dos profissionais de saúde crescente não há prazo para o fim das mobilizações. Por ora, não há nenhuma movimentação do Governo Britânico para realizar uma contraproposta que possa pôr fim à greve no Reino Unido.