Primeira-ministra britânica, Theresa May, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker| Foto: Dario Pignatelli/Bloomberg

União Europeia e Reino Unido entraram em acordo nesta sexta-feira (8) para avançar as negociações sobre a saída britânica do bloco para uma segunda etapa, após uma série de concessões da primeira-ministra Theresa May, incluindo a promessa de não levantar uma fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

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Com as propostas de May, o bloco econômico agora está disposto a discutir um acordo comercial para o dia em que o Reino Unido deixá-lo -a separação é chamada de "Brexit". O avanço desta sexta deve ser aprovado durante a cúpula europeia de 14 de dezembro.

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O anúncio do avanço nas negociações foi feito no dia em que o prazo se esgotava, quando o governo britânico já segurava a respiração. A primeira-ministra voou de madrugada a Bruxelas para fazer o anúncio ao lado do líder da Comissão Europeia  - o braço executivo do bloco - Jean-Claude Juncker.

As negociações de um acordo comercial são cruciais para a permanência de May no cargo. Ela já perdeu a maioria parlamentar nas eleições deste ano, e enfrenta uma crescente impopularidade, com a percepção de que não conseguiu nenhum avanço para o "Brexit".

May propôs uma série de concessões à União Europeia. Além da questão fronteiriça com a Irlanda, ela garantiu que os cidadãos europeus no Reino Unido terão o direito de permanecer ali.

Seu governo também continuará a contribuir ao orçamento europeu em 2019 e 2020 e pagará a conta do divórcio, que é hoje estimada em R$ 220 bilhões.

Apesar do avanço, as negociações ainda devem continuar complicadas até que o Reino Unido realmente deixe o bloco em março de 2019. "Sabemos que se separar é difícil e construir uma nova relação é ainda mais duro", disse Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu.

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Deve haver um período de transição de dois anos após o "Brexit", durante o qual o Reino Unido permanecerá no mercado comum, mas deixará todas as instituições europeias e perderá o direito ao voto nas decisões conjuntas. 

Irlanda

Uma das concessões mais significativas de May foi a promessa de que não haverá uma fronteira rígida -ou seja, o controle de bens e passaportes- entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

A Irlanda é um país-membro da União Europeia, enquanto a Irlanda do Norte é um território britânico. O separatismo na região deixou 3.600 mortos durante três décadas e só foi apaziguado pelo processo de paz de 1998, que prometia a livre passagem entre os países.

Ainda não está claro, no entanto, como May irá cumprir essa promessa. Ela também disse, afinal, que a Irlanda do Norte irá abandonar a União Europeia ao lado do Reino Unido, e portanto estará fora do mercado comum europeu -e em um regime diverso do irlandês.

Além do desafio de lidar com os 500 quilômetros de fronteira sem instituir controles de passaportes e de bens, May terá de enfrentar as exigências de outras regiões britânicas.

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A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, disse na sexta-feira que "qualquer arranjo especial à Irlanda do Norte precisa estar disponível também às outras nações britânicas". Assim como a Irlanda do Norte, a Escócia é parte do Reino Unido, mas com alguma autonomia.