O Reino Unido responderá de maneira apropriada caso evidências provem que Moscou está por trás do envenenamento por agente tóxico de um ex-espião russo e de sua filha no sul da Inglaterra, afirmou a primeira-ministra Theresa May nesta quinta (8).
Sergei Skripal, 66, e Iulia, 33, estão hospitalizados desde que foram encontrados inconscientes em um banco do lado de fora de uma galeria comercial na cidade de Salisbury, no último domingo (4).
"Faremos o que for apropriado, faremos o que for certo, se for provado que isso foi patrocinado por um Estado", afirmou May ao canal ITV News, quando questionada sobre se o Reino Unido poderia expulsar o embaixador da Rússia por causa do ataque.
"Mas vamos dar à polícia o tempo e o espaço para realmente conduzir suas investigações", acrescentou May, em sua primeira declaração desde que a polícia divulgou, na quarta (7), que um agente tóxico foi usado.
"Se uma ação for necessária, o governo a tomará. Faremos isso de forma apropriada, no momento certo, e com base na melhor evidência."
Militares
Cerca de 180 militares, alguns especialistas em substâncias químicas, foram enviados à cidade de Salisbury (130 km de Londres) para levar ambulâncias e outros veículos que possam ter ligação com o envenenamento. Os militares vão remover objetos potencialmente contaminados da cidade.
Substância
Testes científicos realizados por especialistas do governo britânico identificaram a substância usada, o que ajudará a identificar sua fonte, mas as autoridades não divulgaram o nome dela.
Investigadores ouvidos pela imprensa britânica afirmam que o agente utilizado não poderia ser produzido de forma artesanal, elevando as suspeitas de envolvimento de um governo estrangeiro.
As duas vítimas continuam inconscientes, em estado grave mas estável. Um policial que foi envenenado ao atender às vítimas continua em estado crítico, mas já consegue falar, afirmou a ministra do Interior, Amber Rudd.
"O uso de um agente tóxico em território britânico é um ato descarado e imprudente. Isso foi uma tentativa de assassinato na forma mais cruel e pública", afirmou Rudd ao Parlamento.
Investigação
"Mas se tivermos de ser rigorosos na investigação, temos de evitar a especulação e permitir que a polícia leve adiante sua investigação."
A Embaixada da Rússia em Londres enalteceu a forma "responsável" com que as autoridades tratam do caso. "Primeiro provas e depois as conclusões no caso do senhor Skripal", indicou em nota.
Ex-agente da divisão militar de inteligência russa, Skripal foi condenado em 2006 a 13 anos de prisão por espionagem após confessar no ano anterior que atuava em favor do serviço secreto britânico desde 1995. Ele foi libertado em 2010 durante uma troca de prisioneiros da Rússia com os EUA.
O caso relembra a morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, morto em 2006 também no Reino Unido após ser envenenado com polônio-210. Ele havia se tornado um ativista contra o líder russo, Vladimir Putin.
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