O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, negou nesta sexta-feira (10) que seu país tenha militarizado o Atlântico Sul, disse que as acusações argentinas "são lixo" e criticou o país sul-americano por iniciar uma "guerra de declarações" quando se completam 30 anos da "invasão ilegal" das Malvinas.
"Nada mudou em relação a nosso posto de defesa nas ilhas Falkland (Malvinas)", afirmou o embaixador britânico na sede da ONU, depois que a Argentina formalizou sua queixa perante o organismo por causa da "militarização" da região, respondendo que as supostas provas apresentadas são "lixo".
O embaixador, que se negou a comentar se seu país deslocou submarinos nucleares para a região, reiterou sua determinação de continuar defendendo os habitantes das ilhas "para que não se repita" a invasão de 1982, e criticou o Governo de Cristina Fernández de Kirchner por propiciar uma "escalada da retórica" verbal entre ambas as nações.
Desta forma, o representante britânico respondeu ao ministro de Exteriores argentino, Héctor Timerman, que disse previamente na sede da ONU que seu país conta com informação de que o Reino Unido "introduziu armas nucleares no Atlântico Sul e não foi a primeira vez".
O embaixador explicou novamente que o recente envio para a região do destróier MS Dauntless, o mais moderno de sua frota naval, faz parte das "manobras de rotina" que a Marinha Real britânica faz a cada seis meses, e se perguntou para que seu Governo ia querer "gastar mais para defender as ilhas neste momento de crise".
Assim, após ressaltar que o Reino Unido não procura "aumentar a retórica" verbal com a Argentina, à qual criticou por "ir à ONU" para dizer que seu país militarizou o Atlântico Sul, deixou claro que ele vai continuar aproveitando qualquer oportunidade para defender sua posição em relação às Malvinas.
O embaixador disse não ter falado ainda com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre as queixas da Argentina, por isso que não quis comentar sua oferta de "intermediar" e exercer seus bons ofícios para conseguir uma "solução pacífica" para o conflito sobre as ilhas Malvinas.
Reconheceu que a Argentina é hoje um Governo democrático que diz querer abordar o conflito de forma pacífica, mas disse que se quer retomar as conversas com o Reino Unido de verdade deve começar por modificar sua Constituição, na qual traz desde 1995 que o país sul-americano ratifica sua "legítima soberania" sobre as Malvinas.
Reservas
Neste sentido, o diplomata se perguntou se a posição da Argentina mudou porque nas águas das Malvinas poderiam haver reservas de gás e petróleo, e disse que os kelpers (habitantes das Malvinas) têm direito a explorá-lo, embora tenha reiterado que os lucros "seriam para as ilhas, não para o Reino Unido".
O representante britânico reiterou novamente a posição de seu país de não negociar a soberania das Malvinas enquanto os habitantes das ilhas não pedirem e insistiu em que o Reino Unido vai continuar defendendo "o futuro político, social e econômico das Falkland".
Por último, o embaixador britânico sustentou que "depende deles" (Argentina) retomar o diálogo bilateral sobre as ilhas Malvinas, e lembrou que foi a Argentina que o rompeu de forma unilateral em 1995, "quando modificaram de forma tão agressiva sua Constituição".
- Argentina diz que Londres enviou armas nucleares às Malvinas
- Londres descarta negociar sobre soberania das Malvinas
- Argentina libera relatório secreto sobre Guerra das Malvinas
- Argentina vai denunciar o Reino Unido na ONU
- Disputa de Argentina e Reino Unido não muda rotina das Malvinas
- Elizabeth II, testemunha das profundas transformações no Reino Unido