As últimas pesquisas desta quarta-feira (22) - véspera do referendo que decide se os britânicos permanecem na União Europeia - mostraram uma pequena vantagem dos partidários do “Brexit”, termo usado para denominar o fim do casamento de 43 anos do Reino Unido com o maior bloco econômico do mundo. Mas isso ainda não permite afirmar absolutamente nada do que realmente pode sair das urnas nesta quinta-feira (23). As casas de apostas, por exemplo, não hesitam em apostar decididamente em uma vitória do “remain”, a permanência do país no bloco.
Levantamento do instituto Opinium, elaborado com 3.011 britânicos consultados pela internet, aponta 45% das intenções de voto para o Brexit, 44% aos pró-UE, 9% de indecisos e 2% que não quiserem responder. A segunda pesquisa, realizada pela TNS, aponta 43% dos votos para o campo do Brexit, 41% aos pró-UE e 16% de indecisos.
Apostas
No geral, o referendo já quebrou recordes, com mais de 40 milhões de libras apostadas, mais do que durante o referendo escocês ou durante a eleição presidencial americana de 2012.
E não acaba por aí, porque Graham Sharpe, porta-voz da William Hill, está esperando um “estouro” nas apostas no dia da votação, quinta-feira.
“Em uma corrida tão apertada como esta, o nível de participação dos diferentes grupos demográficos será decisivo na hora de determinar o resultado”, afirmou Luke Taylor, da TNS.
Mas, em quem acreditar? As pesquisas recentes indicam que se deve confiar nas casas de apostas, que acertaram em cheio sobre o referendo escocês em 2014, enquanto algumas sondagens apontaram vitória para a independência. E os apostadores chegaram muito mais próximos do resultado das eleições legislativas em 2015 do que as pesquisas.
“A situação lembra o referendo escocês onde as chances do não à independência eram estimadas em 75% e ele acabou vencendo por 55% contra 45%”, diz Barry Orr, porta-voz da Betfair à AFP.
Decisão irreversível
O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, cuja aposta pessoal ao convocar o referendo e defender a UE pode custar seu cargo em caso de derrota, recordou mais uma vez que a decisão será “irreversível”, em uma entrevista à BBC.
“Não há volta atrás se votarmos pela saída. É uma decisão irreversível”, disse Cameron, antes de rebater um dos principais argumentos dos partidários do Brexit, como é conhecida a opção de saída britânica da UE: “A ideia de que não somos independentes não é certa”.
Nas últimas horas de campanha, houve novas adesões de celebridades à causa europeia, como a da banda de rock irlandesa U2, do ator britânico Daniel Craig, conhecido por seu papel de James Bond, e outro irlandês, o ator Liam Neeson.
Os executivos de mais da metade das 100 principais empresas britânicas pediram nesta quarta-feira o voto a favor da UE, considerando que a saída do bloco provocaria “um choque econômico”, especialmente doloroso para as pequenas empresas.
No lado Brexit, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson iniciou a quarta-feira em um mercado da capital inglesa, em um último dia de campanha intenso para convencer os indecisos, que segundo as pesquisas alcançam 10%.
Os colégios eleitorais vão abrir às 7 horas locais (3 horas no horário de Brasília) e fecharão às 22 horas (18 horas no Brasil). Os resultados só serão divulgados tarde da noite ou já nas primeiras horas da manhã de sexta-feira (24).
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