A ONG Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) divulgou relatório nesta segunda-feira em que destaca o alto nível de pobreza em Cuba e a deterioração dos serviços de saúde locais.
De acordo com o documento, focado nos direitos sociais da ilha caribenha, mais de 70% das famílias vivem com menos de US$ 3,8 (R$ 20,3) por dia. O valor está "abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial", conforme afirmou Yaxys Cires, diretor de estratégia do OCDH.
O relatório indica que o maior problema da população do país é a crise alimentar, seguido pela crise de saúde e pela reforma econômica que entrou em vigor neste ano e representou a unificação monetária, o aumento de preços e salários, a redução de subsídios e como consequências a desvalorização do peso cubano e inflação.
O estudo foi realizado a partir de entrevista com 1.141 pessoas de ambos os gêneros, sem limitação máxima de idade, no período em que ocorreram os protestos populares em Cuba, em julho passado.
Como resultado, os idosos aparecem como os mais afetados pela crise no país, seguido pelas pessoas que não recebem remessas de dinheiro e os desempregados.
Oito em cada dez pessoas entrevistadas não conseguiram os remédios necessários nas farmácias, devido à escassez desses produtos, segundo o documento, que aponta que 14% das pessoas obtiveram medicamentos graças a envio de familiares que estão no exterior.
O relatório ainda indica que, durante este ano, 45% da população cubana precisou abrir mão de pelo menos uma refeição, e que 73% acreditam que a alimentação da família é insuficiente.
Cuba vem sofrendo com interrupções constantes no fornecimento de energia e apenas uma em cada cinco residências contam com o serviço funcionando continuamente, de acordo com o relatório. Além disso, a metade da população não conta com água potável de maneira permanente.
"O regime cubano empobrece e também oprime", garantiu Yaxys Cires.
A OCDH trabalha desde 2009 na documentação, registro e investigação das violações de direitos humanos em Cuba, e produz o relatório, denominado Observatório de Direitos Sociais.