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Um relatório apresentado na semana passada pelo Comitê Especial da Câmara dos Representantes dos EUA sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh) revelou que a China, por meio do PCCh, está subsidiando a produção de fentanil, contribuindo significativamente para a crise de overdoses que assola neste momento o território norte-americano.
Fruto de uma investigação bipartidária, liderada pelo presidente do comitê sobre o PCCh, deputado Mike Gallagher, republicano do Wisconsin, e por Raja Krishnamoorthi, deputado pelo Illinois e líder da minoria democrata no comitê, o relatório possui 64 páginas e desvenda uma série de outras descobertas sobre o papel da China na epidemia americana de fentanil.
Segundo o relatório, a China está estendendo seus incentivos fiscais à fabricação de materiais e precursores químicos que são utilizados na elaboração do fentanil e outras substâncias sintéticas, com a condição de que estes sejam vendidos internacionalmente.
O relatório também acusou o regime de Xi Jinping de facilitar a obstrução das investigações dos EUA sobre os fabricantes de drogas sintéticas. Ele indica que Pequim alertava os fabricantes sobre as solicitações formais feitas pelas autoridades americanas ao regime comunista sobre o assunto.
Ainda no relatório, o comitê destacou que, por causa desta obstrução, muitas empresas envolvidas diretamente com exportação de precursores químicos do fentanil não só escaparam impunes das autoridades americanas, mas também conseguiram se reinventar para tornar suas operações ainda mais difíceis de se rastrear.
O comitê apontou no relatório que o regime chinês estaria fazendo também vista grossa sobre drogas sintéticas que estão sendo comercializadas para exportação na rígida internet do país.
Foi o democrata Krishnamoorthi quem denunciou a venda de drogas sintéticas por empresas chinesas em seus sites, reforçando sua declaração com capturas de tela feitas na véspera da audiência onde o relatório foi apresentado.
O fentanil é uma das principais drogas responsáveis por mortes por overdose nos Estados Unidos neste momento.
O presidente do comitê, o republicano Mike Gallagher, acusou a China de desejar o “caos e a devastação” que a epidemia de fentanil está causando nos EUA. O comitê, em seu relatório, classifica as ações e omissões da China sobre o assunto como "abomináveis", afirmando que elas causaram um “profundo sofrimento humano nos Estados Unidos e no mundo”. Além disso, o comitê também disse que, de fato, essas ações servem para promover os interesses estratégicos e econômicos da China.
O ex-procurador-geral dos EUA William Barr, que estava presente na apresentação do relatório como testemunha, corroborou com a posição do comitê, afirmando que o relatório encontrou “provas convincentes” do envolvimento de Pequim no “patrocínio e facilitação da exportação de precursores de fentanil”, o que contradiz a narrativa de cooperação para o controle da droga, mantida pelo país.
Os resultados da investigação surgem após a renovação do compromisso entre Estados Unidos e a China na luta contra a epidemia de fentanil. Em novembro do ano passado, Joe Biden e o ditador Xi Jinping anunciaram a retomada da cooperação bilateral contra o narcotráfico, especialmente do desse tipo de droga.
No entanto, surgem agora dúvidas sobre o real compromisso de Pequim com o tema, já que o relatório bipartidário sugere que a produção de fentanil pode ser um interesse estratégico e um “negócio paralelo” lucrativo para a China.
Barr recomendou que os Estados Unidos utilizem seu poder comercial e econômico para pressionar a China a “cumprir efetivamente as leis”.
Para abordar a epidemia de fentanil, o comitê da Câmara propôs várias medidas, incluindo a criação de uma força-tarefa conjunta e a imposição de sanções mais severas às entidades chinesas envolvidas no comércio de fentanil.
O relatório insta o Congresso a conceder autoridade ao presidente Biden para impor sanções aos responsáveis e exige atualizações regulares do governo sobre a implementação dessas ações.
Além disso, sugere a formação de um grupo de trabalho dedicado ao tema, com recursos financeiros, de inteligência e aplicação da lei, sob a orientação da Procuradoria-Geral dos EUA. Esse grupo aconselharia a Presidência da República no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, focando especificamente na questão dos opioides.