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Relatório contesta uso de biocombustíveis

Os governos ocidentais têm errado ao apoiar a conversão em grande escala de plantas em combustível e deveriam reconsiderar essa estratégia, segundo um novo relatório do World Resources Institute, proeminente grupo de pesquisa em Washington.

Transformar matéria vegetal em combustível líquido ou eletricidade é tão ineficiente que a abordagem provavelmente não fornece uma fração substancial da demanda de energia global, revela o relatório. E acrescenta que continuar a adotar essa estratégia — que já consumiu bilhões de dólares de investimento — provavelmente irá usar vastas extensões de terra fértil que poderiam ser destinadas a ajudar a alimentar a crescente população mundial.

Alguns biocombustíveis fazem sentido, diz o relatório, particularmente aqueles que utilizam sobras como serragem e folhagem do milho. Mas seu potencial é limitado, e esses combustíveis devem ser usados em aviões, para os quais não há nenhuma fonte de energia alternativa que possa reduzir as emissões.

"Eu diria que muitas das reivindicações com relação aos biocombustíveis são extremamente exageradas", diz Andrew Steer do World Resources Institute. "Há outros caminhos mais eficientes para se chegar a um mundo com pouco carbono."

O relatório segue vários anos de crescente preocupação entre os cientistas sobre as políticas de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa. Vários estudos mostram que essa política tem ajudado a aumentar os preços dos alimentos e a agravar alguns tipos de poluição do ar, e tem feito pouco para reduzir as emissões globais de dióxido de carbono, gás responsável pelo aquecimento global.

Na Europa, a queima de cápsulas de madeira compensada, conhecidas como pellets, para substituir o carvão tornou-se estratégia fundamental na indústria de energia. Milhões de toneladas de pellets estão sendo produzidas nos Estados Unidos e enviadas para a Europa. Alguns grupos argumentam que o crescimento contínuo da indústria de pellets está colocando em risco florestas naturais.

Algumas políticas no Ocidente já duram há pelo menos uma década e foram adotadas com base em afirmações científicas que dizem que transformar material vegetal em combustível ajudaria a emitir menos dióxido de carbono.

A teoria básica relacionada à política de biocombustível diz que, mesmo que a queima desses combustíveis emita gás, este seria rapidamente removido da atmosfera pelo crescimento das plantas usadas para produzir o próprio combustível.

Essa abordagem foi considerada mais sustentável do que a queima de combustíveis fósseis, que extrai o carbono do subsolo e o envia para a atmosfera, aprisionando mais calor na superfície do planeta.

Timothy D. Searchinger, da Universidade de Princeton em Nova Jersey e um dos autores do novo relatório, diz que a ciência mais recente desafia alguns dos pressupostos subjacentes a muitas das políticas pró-biocombustíveis. Se, em vez disso, florestas ou gramíneas fossem cultivadas, isso absorveria o dióxido de carbono do ar, armazenando-o no solo e nos troncos das árvores, compensando emissões com mais eficiência do que os biocombustíveis, diz ele. Ainda segundo ele, biocombustíveis são uma maneira ineficiente de converter luz solar em combustível, o que significa que uma imensa quantidade de terra seria necessária para fornecer energia global significativa.

Jason Hill, da Universidade de Minnesota, disse que novos tipos de biocombustíveis feitos de culturas plantadas especificamente para essa finalidade podem apresentar melhores resultados.

Muitas das políticas pró-biocombustível datam de um período em que outros tipos de energias renováveis eram vistos como extremamente caros. Mas os custos da energia eólica e solar caíram, e o relatório observa que, na mesma quantidade de terra, os painéis solares são pelo menos 50 vezes mais eficientes do que os biocombustíveis na captura da energia da luz do sol em uma forma útil.

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