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Policiais britânicos envolvidos na morte de brasileiro ficam impunes

A família Menezes se disse "profundamente frustrada" com a notícia.

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Um relatório divulgado nesta terça-feira (15) considera um "grave descumprimento" das normas o vazamento à imprensa, em 2005, das informações sobre a investigação do caso Jean Charles de Menezes por parte de uma funcionária da comissão investigadora.

O relatório foi concluído pelo inspetor independente Bill Taylor em janeiro de 2006, mas, por razões legais, não tinha sido divulgado até agora. O documento critica a Comissão Independente de Queixas à Polícia (IPCC), encarregada de investigar o caso, por não ter lidado bem com o vazamento, e por ter sido "ingênua" na tomada de decisões.

Em setembro de 2005, a canadense Lana Vanderberghe, secretária da IPCC, passou detalhes-chave sobre as investigações do caso à rede de televisão britânica "ITN".

Os documentos divulgados revelaram que a Scotland Yard tinha dado uma versão errônea do que ocorreu no dia da morte do brasileiro, de 27 anos. Ele foi atingido por policiais no dia 22 de julho de 2005, no metrô de Londres, após ser confundido com um terrorista.

Em sua primeira entrevista coletiva após o incidente, o chefe da Scotland Yard, Ian Blair, explicou que a vítima tinha atuado de forma suspeita, e que não tinha respondido às ordens da polícia.

No entanto, o documento repassado por Vanderberghe, contra quem a polícia não apresentou acusações, demonstrou que Jean Charles tinha se comportado normalmente. Ele teria validado seu bilhete como qualquer usuário, e não usava a jaqueta "suspeita", como havia informado a Scotland Yard.

As revelações causaram uma grande polêmica no Reino Unido, e fizeram com que a família do brasileiro acusasse Ian Blair de ter enganado a opinião pública.

No relatório divulgado nesta terça, Taylor conclui que a IPCC "deveria ter estado mais bem preparada" para fazer frente ao vazamento, e critica as "deficiências" na reação inicial, que poderiam ter danificado a reputação do organismo. A comissão foi criada em 2004 para supervisionar as atuações policiais.

No entanto, o investigador atesta a vontade da Comissão de corrigir os erros, e cita como exemplos a introdução de "grandes mudanças" em seu protocolo de segurança e a melhora na formação de empregados.

A investigação da IPCC sobre o caso do brasileiro foi concluída com a apresentação à Promotoria britânica de uma série de recomendações sobre possíveis acusações contra os envolvidos em sua morte.

No final do ano passado, o promotor decidiu perdoar os 15 agentes envolvidos e acusar a instituição policial como um todo, por violar a lei de Saúde e Segurança no trabalho, de 1974. Ele considerou que houve negligência no dever de proteger a vítima.

O julgamento contra o Corpo policial terá início em outubro. A IPCC anunciou, na semana passada, sua decisão de não recomendar um processo disciplinar contra 11 dos 15 policiais relacionados ao caso, alegando falta de provas.

A decisão sobre os quatro agentes restantes será tomada ao fim do julgamento, segundo uma porta-voz da comissão.

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