Ajuda
Barack Obama autoriza assistência "não letal" a opositores de Assad
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, garantiu o envio de assistência "não letal" aos opositores do governo de Bashar Assad na Síria. O objetivo é ajudá-los a "prevenir a proliferação do uso de armas químicas no país".
A autorização de Obama também permite que os Estados Unidos enviem equipamentos de proteção contra armas químicas para funcionários de organizações internacionais atuando em território sírio. Além disso, prevê transferir assistência médica a locais no país que tratem de vítimas de ataques químicos na região.
Um alto funcionário do governo norte-americano que não foi autorizado a se identificar disse que os EUA já planejavam enviar a assistência não-letal antes do ataque da madrugada de 21 de agosto, no qual centenas de pessoas morreram.
Estrangeiros de 20 países estão lutando no território sírio, inclusive alguns da Europa, de acordo com o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria.
120 mil pessoas morreram desde o começo do conflito na Síria, que já dura mais de dois anos e coloca rebeldes guerreando contra o regime do presidente Bashar Assad.
Derrubado
A Turquia disse ter derrubado um helicóptero militar sírio que violou seu espaço aéreo ontem. A aeronave síria modelo MI-17 foi detectada dois quilômetros no interior do espaço aéreo turco às 14h20 (horário local, 8h20 em Brasília), disse o vice-primeiro-ministro Bulent Arinc a jornalistas. "O helicóptero foi continuamente advertido por nossa defesa aérea, mas a violação continuou. Ele caiu em solo sírio após ter sido atingido por mísseis disparados de nossos aviões", disse.
34 vítimas do ataque ocorrido no dia 21 de agosto nos arredores de Damasco serviram de referência para os testes de sangue e urina realizados pelas Nações Unidas, e deram evidências definitivas de exposição ao gás sarin.
A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou ontem que armas químicas foram usadas em um ataque na Síria do dia 21 de agosto, nos arredores de Damasco. Os inspetores do órgão relatam provas do gás sarin, mas não apontam os responsáveis por disseminá-lo.
Desde 2011, a Síria vive um conflito civil entre forças da oposição e o governo do ditador Bashar Assad. "Nossa conclusão é que armas químicas foram usadas no conflito em andamento entre as partes, também contra civis, incluindo crianças, em grande escala", diz o relatório.
Para os EUA e aliados como França e Reino Unido, há evidências que indicam o regime de Assad como autor do ataque, o que tem sido negado por Damasco. Com 41 páginas, o relatório foi baseado em exames de sangue, urina e fios de cabelo das vítimas, análise de amostras do meio ambiente e entrevistas com médicos.
Convincentes
Os inspetores afirmam que há "evidências claras e convincentes" do uso de gás sarin na região de Ghouta, nos arredores de Damasco. Os testes de sangue e urina de 34 vítimas do ataque com média de idade de 30 anos deram "definitivas evidências" de exposição delas ao gás sarin, relatam.
A isso eles somam análise clínica dessas pessoas, que apresentaram perda de consciência, convulsões, irritação nos olhos e excesso de saliva. Incolor e inodoro, o sarin ataca o sistema nervoso e causa exatamente esses sintomas.
Os inspetores relatam também a descoberta de foguetes de terra que dispararam o gás sarin. Informam que foram encontradas variantes da artilharia soviética M14, o que, para autoridades americanas, indica envolvimento de Assad, aliado dos russos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, classificou o uso das armas como "crime de guerra" e afirmou que esse foi o maior ataque de arma química desde 1988, quando o ex-ditador Saddam Hussein usou seu arsenal em Halabja, no Iraque. "Acredito que todos podem se unir a mim na condenação a este crime desprezível", disse.
Aumentam atos criminosos de rebeldes sírios
Das agências
O grupo de rebeldes em combate com o regime de Bashar Assad, na Síria, inclui combatentes estrangeiros engajados na "jihad", ou guerra santa.
Eles estão cometendo mais crimes de guerra como chacinas e outros abusos no norte da Síria. As informações foram divulgadas ontem por investigadores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Por todo norte da Síria tem havido um aumento de crimes e abusos cometidos por grupos de extremistas armados antigoverno e também um fluxo de entrada de combatentes rebeldes estrangeiros", disse o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, chefe da equipe de investigação, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Embora a maioria dos indícios colhidos pela comissão aponte para atrocidades cometidas pelas forças leais ao presidente Bashar Assad, os relatórios deste ano vêm despertando crescentes suspeitas sobre o comportamento da oposição.
Ao traçar uma distinção entre a oposição doméstica da Síria e combatentes jihadistas vindos do exterior, a comissão pode intensificar a pressão sobre os esforços da comunidade internacional para reunir todas as partes do conflito numa conferência de paz em Genebra.
Pinheiro disse que há atualmente na Síria combatentes de cerca de 20 países, inclusive alguns da Europa.