Quatro mulheres relataram a autoridades brasileiras que sofreram estupro e uma disse ter sido vítima de abuso sexual durante a onda de ataques a estrangeiros que ocorreu no Suriname no final de dezembro. Relatório divulgado nesta sexta-feira pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres informa que uma equipe do órgão e do governo do Pará atendeu durante esta semana 21 mulheres e 4 homens que estavam alojados em hotéis de Paramaribo após terem sido retirados da região onde ocorreram os conflitos.
Segundo a secretaria, em conversa inicial com as vítimas, a equipe obteve informações detalhadas da noite dos ataques e das estratégias usadas por cada uma das mulheres para sobreviver, fugindo e se escondendo na floresta. "São muitos horrores e, por esse motivo, a maior parte dessas mulheres está em crise. Elas permanecem fechadas em si mesmas e sem conseguir contar suas experiências e necessidades à equipe", afirmou a subsecretária de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Aparecida Gonçalves.
De acordo com a secretaria, 115 pessoas estão alojadas nos hotéis, sendo 46 mulheres. A maioria delas é natural dos Estados do Pará, Amazonas, Amapá e Ceará. A equipe retornou ao Brasil ciente de que ficaram pendentes atendimentos médicos. "Além de profissionais de saúde, uma grande infraestrutura teria que ser montada para os atendimentos", disse a subsecretária "Mas lembramos que nenhuma ação pode ser tomada sem que haja entendimento com a Embaixada Brasileira no país", afirmou.
Segundo a secretaria, entre os alojados nos hotéis estão pessoas que não pretendem voltar ao Brasil. No entanto, como algumas dessas pessoas vivem em situação irregular, as autoridades brasileiras se reuniram com o governo do Suriname para tratar da sua permanência. Quem desejar ficar terá que regularizar sua situação, apresentando documentos com foto na embaixada, informou a secretaria.
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