O relatório da ONU sobre o programa atômico do Irã, publicado na quinta-feira, revelou ao público algo além do suposto avanço de Teerã rumo à bomba. Um efeito indireto do documento foi expor a crescente divisão entre potências quanto à isenção e ao uso político da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Novamente, EUA e europeus estão de um lado; China, Rússia e emergentes, de outro.
A organização de controle nuclear conseguiu, pela primeira vez, sistematizar informações obtidas ao longo de anos e mostrar que o Irã de fato busca a bomba. Pelo menos é essa a versão de países europeus e dos EUA.
Para China e Rússia, além de emergentes como o Brasil, o relatório da AIEA não trouxe evidência concreta - ou nova - capaz de provar que o programa iraniano está se "militarizando". As acusações seriam, antes, resultado da pressão dos grandes do Ocidente, além de um reflexo do direcionamento dado à agência pelo japonês Yukiya Amano, sucessor do egípcio Mohamad ElBaradei no comando da AIEA.
Nos bastidores, autoridades de Moscou afirmaram que o documento tinha "o objetivo prévio de declarar o veredicto de culpado ao Irã". Para Pequim, o relatório não traz novidades e, portanto, não há sentido em discutir mais sanções na ONU. A última punição do Conselho de Segurança aos iranianos foi adotada há 17 meses - com voto favorável da Rússia e da China. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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