“E quando foi levantada a questão do cuidado pastoral em relação aos homossexuais neste Sínodo ordinário sobre a família de 2015?”. Essa foi uma das perguntas feitas pelos jornalistas que participaram da coletiva de imprensa desta sexta-feira (23), no Vaticano.

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O tema aparece elencado na lista de desafios pastorais apontados pelo Instrumentum Laboris, o documento de trabalho do encontro, mas mal foi mencionado nos boletins publicados pela Santa Sé ou nas coletivas de imprensa promovidas diariamente pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

Comissão finaliza esboço de relatório do Sínodo, mas mantém conteúdo em segredo

Envolto em mistério, o primeiro esboço do relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a família, encontro que vai até o próximo domingo (25), no Vaticano, foi entregue aos padres sinodais.

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Sendo assim, surge a dúvida: de que forma os homossexuais serão mencionados no texto de conclusão da assembleia sinodal que será publicado neste sábado (24)? “Nós falamos das pessoas com tendências homossexuais que fazem parte de nossas famílias e como ajudar a essas famílias. Faremos referência a isso no texto”, disse o cardeal canadense Géraldo Lacroix, um dos padres sinodais que participaram da coletiva de imprensa.

Apesar de o assunto ter sido ligeiramente debatido nos círculos menores (grupos linguísticos) durante o encontro, recebeu pouca atenção em comparação ao que aconteceu no Sínodo extraordinário do ano passado, também dedicado à família. “Escutamos bispos e cardeais que têm pessoas com tendências homossexuais em suas próprias famílias. A Igreja precisa ajudar o mundo a saber dessa realidade”, ressaltou o cardeal Peter Turkson, também presente à coletiva.

Casamento gay

São três artigos do documento de trabalho do Sínodo dedicados ao acompanhamento da Igreja em relação aos homossexuais (130 ao 132). Nesses trechos são citados alguns documentos da Igreja que tratam da questão, como por exemplo um relatório com considerações feitas pelo então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, em 2003, sobre união civil entre pessoas do mesmo sexo, no qual ele reforça que a Igreja deve tratar os homossexuais com respeito e delicadeza, mas nem por isso ser favorável ao casamento gay.

Se o texto final do Sínodo estiver baseado nos artigos, não haverá mudanças em relação ao ensinamento da Igreja sobre a homossexualidade, mas será pedido que as dioceses criem projetos pastorais para acompanhar essas pessoas e suas famílias.

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“Se reforça que toda pessoa, independentemente da própria tendência sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com sensibilidade e delicadeza, seja na Igreja ou na sociedade” -- trecho retirado do artigo 131 do Instrumentum Laboris.

Neste sábado (24) será publicado o texto conclusivo da assembleia sinodal, o qual poderá se tornar um parecer final do Sínodo sobre a família de outubro de 2014 e do atual Sínodo, que termina no próximo domingo (25), com uma missa presidida por papa Francisco, no Vaticano.

Caso o papa considere que o texto não deve se tornar a orientação oficial da Igreja sobre os debates realizados no decorrer do encontro, ele produzirá uma exortação apostólica pós-sinodal, documento pontifício publicado alguns meses após o encerramento de um Sínodo.