O recente relaxamento por Israel de seu bloqueio a Gaza é inadequado mas mostra que as restrições podem ser levantadas ainda mais sem comprometer a segurança do Estado judeu, disse um alto representante da ONU em Gaza nesta quinta-feira.
Israel reforçou o controle sobre o território palestino há três anos após o grupo radical islâmico Hamas ter assumido o controle de Gaza, mas nas últimas semanas tem permitido a entrada de alguns produtos antes barrados, como roupas e calçados, madeira e alumínio.
John Ging, diretor de operações em Gaza da agência da Organização das Nações Unidas para os refugiados palestinos elogiou a mudança mas, citando um comentário do secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, durante visita a Gaza no mês passado, chamou a decisão de "uma gota no oceano".
"Uma gota no oceano não é um copo meio cheio", disse Ging a repórteres em Nova York.
Mas, segundo ele, o relaxamento das restrições deu "provas práticas... de que isto pode ser feito. Então se você tem 25 carretas de alumínio por mês, então por quê não 50. E se você pode ter 50 então por quê não 100, e assim por diante".
"Os argumentos que foram feitos que de alguma maneira justificam este bloqueio... estão agora sendo enfraquecidos por estes fatos positivos... está sendo mostrado agora que há maneiras de superar os desafios de segurança."
Há grande necessidade de alumínio, usado para a fabricação de janelas, em Gaza, que foi bombardeada na ofensiva israelense contra militantes palestinos em dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Por alguns meses, Israel permitiu a entrada de vidros, disse Ging.
Israel continua a proibir a entrada de cimento e ferro na Faixa de Gaza, onde 1,5 milhão de palestinos vivem, alegando que o Hamas poderia usar os produtos para fins militares.
A ONU, que fornece assistência e educação aos refugiados palestinos em Gaza, pediu por várias vezes o fim do bloqueio.
Ging disse que, no momento, não há "perspectiva do restabelecimento de economia porque não há negociações comerciais para dentro e fora da Faixa de Gaza".