Foragido no Brasil desde 1970, Ronald Biggs, foi durante décadas o criminoso mais procurado da Grã-Bretanha. A maior parte deste tempo, ele viveu no Brasil. Biggs rendeu-se à polícia inglesa no dia 3 de maio de 2001, através de um e-mail. Na mensagem enviada à Scotland Yard, Biggs - que aos 71 anos estava com problemas de saúde decorrentes de três derrames - dizia que a única coisa que precisava para voltar para casa era um passaporte. A notícia foi publicada pelo tablóide londrino "The Sun", que financiou a viagem de volta do assaltante.
Em agosto de 1963, Ronald Biggs participara do chamado "crime do século" na Inglaterra, quando, com outros 14 bandidos, assaltou um trem postal que seguia de Glasgow para Londres, levando malotes onde havia, em valores atuais, 34 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 108 milhões). Biggs foi considerado o cérebro do plano.
Como quase todos os comparsas, Biggs foi preso e condenado a 30 anos de prisão. Enviado à penitenciária de Wandswoth, em Londres, ele escapou 15 meses depois, com a ajuda de um amigo. O ladrão escalou o muro da prisão com uma corda e pulou do outro lado, sobre um colchão posto na carroceria de uma caminhonete.
Antes de se fixar no Rio, em 1970, passou por Paris, Sydney e Panamá. Por duas vezes, a Grã-Bretanha solicitou sua extradição, mas teve os pedidos negados pela Justiça do Brasil, porque Biggs teve um filho com uma brasileira. No dia 6 de maio, Biggs voltou para Londres a bordo de um avião fretado pelo "The Sun". Assim que desembarcou, foi preso pela polícia britânica.
Em julho de 2002, aos 72 anos, Biggs casou-se, na prisão de segurança máxima de Belmarsh, com a brasileira Raimunda Rothen, a mãe de seu filho Michael.