Os líderes interinos da República Centro-Africana cederam à pressão internacional e renunciaram nesta sexta-feira (10), depois de não conseguirem deter a violência inter-religiosa, o que provocou celebrações nas ruas, mas também levantou preocupações sobre quem irá assumir o poder.
A renúncia do presidente, Michel Djotodia, e do primeiro-ministro, Nicolas Tiangaye, ocorreu na cúpula de dois dias da Comunidade Econômica dos Estados Centro-Africanos, no vizinho Chade. As conversações para definir uma nova liderança serão realizadas na República Centro-Africana, segundo um comunicado.
Milhares de pessoas foram mortas e 1 milhão deixou suas casas desde que a violência cometida por rebeldes de maioria muçulmana, ligados a Djotodia e conhecidos como Seleka, levou cristãos a criarem milícias de autodefesa, depois que ele tomou o poder, em março.
Com memórias do genocídio de 1994 em Ruanda reavivadas pela agitação no país, a França enviou centenas de tropas para sua ex-colônia no mês passado para apoiar as forças de paz africanas. Mas os assassinatos continuaram e a França manifestou repetidamente a sua frustração com o governo de Djotodia.
Uma fonte diplomática francesa disse que os líderes das potências regionais Chade, Gabão e República do Congo têm seus favoritos para assumir o país, mas que não havia "nenhum candidato em destaque" e a decisão caberia aos líderes locais.
"É importante que essa transição aconteça o mais rápido possível", disse a fonte. Um ponto de discórdia provavelmente está em torno da condição de que qualquer pessoa que ocupar um alto cargo no governo de transição não poderá concorrer nas próximas eleições.