São Paulo - Manifestantes antirregime no Iêmen expressaram ceticismo sobre o anúncio do governo do ditador Ali Abdullah Saleh de que aceita plano que prevê a sua saída em 30 dias e promoveram ontem novos protestos pelo país. No sábado, o governo disse ter concordado com a proposta de um acordo elaborado pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) que reúne seis países da região prevendo a saída de Saleh.
O ditador, há 32 anos no cargo, daria lugar a seu vice em 30 dias a contar a partir do momento da formalização do acordo o que ainda não tem previsão para ocorrer.
A principal coalizão de grupos de oposição louvou o anúncio do governo, mas os manifestantes e ativistas que assumiram a linha de frente dos protestos iniciados ainda em fevereiro dizem duvidar das intenções de Saleh. "Há muito ressentimento entre os jovens pelo fato de a oposição ter aderido a essa iniciativa, disse Abdulhafez Muajeb, líder de protestos em Hudaida, quarta maior cidade do país. "Vamos manter os protestos até que [Saleh] renuncie imediatamente, afirmou. Conforme o jornal The New York Times, um entrave à reta final das negociações seria, justamente, a exigência do governo de que não haja mais protesto.
Na capital, Sanaa, manifestantes gritavam "Sem negociação: renuncie ou fuja. Em entrevista à tevê britânica BBC, o ditador iemenita disse que só aceita transferir o cargo para um líder eleito e que não deixará o poder para um grupo de "insurgentes. O plano do CCG prevê que uma eleição presidencial seja realizada em até dois meses após a saída de Saleh.
O líder afirmou ainda que grupos ligados à Al-Qaeda aproveitam a crise política para ganhar terreno no país, em uma tentativa de atrair apoio dos EUA e aliados.
Inspirados nos movimentos ocorridos na Tunísia e no Egito, milhares de iemenitas têm ido às ruas quase diariamente para exigir a retirada imediata do ditador. Milhares permanecem acampados em praças de ao menos cinco localidades do país.
Ontem, nove pessoas seis militares morreram em confronto de forças do governo com insurgentes armados de uma tribo no sul do Iêmen, afirmaram fontes de segurança do regime. O conflito ocorreu na região de Labus, zona montanhosa da província de Lahij.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado americano Mark Toner pediu no sábado que a transição de poder no Iêmen comece de forma "imediata, com a inclusão das principais forças políticas do país.
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