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Reforma

Reparos de superiates revivem um porto francês

Um elevador submarino e um guindaste enorme tem ajudado La Ciotat a atrair iates de luxo que necessitam de reforma | marlene awaad para The New York Times
Um elevador submarino e um guindaste enorme tem ajudado La Ciotat a atrair iates de luxo que necessitam de reforma (Foto: marlene awaad para The New York Times)

LA CIOTAT, França — Depois que mergulhadores verificaram os apoios, um enorme elevador submerso lentamente içou o iate M/Y Sky, de 600 toneladas e 51 metros de comprimento, das águas do Mediterrâneo, gradualmente revelando seu casco preto fosco.

Quando toda a embarcação, que contém um heliporto e cinco cabines, chegou na altura do cais, um carrinho motorizado a levou para trilhos de metal. Ela então seguiu para o gigantesco galpão onde ficará até março para limpeza, conserto e pintura em uma reforma cujo custo chega a dois milhões de euros.O inverno é movimentado nesta pitoresca cidade no sudeste da França que, com base em sua receita, é o maior porto europeu de manutenção e reparos de iates.

Muitos dos maiores e mais caros iates particulares do mundo podem ser construídos em outros lugares: Alemanha e a Holanda são os líderes nesse ramo. Outros portos — incluindo Barcelona, na Espanha, e Gênova, na Itália — vivem da manutenção de iates. E alguns dos maiores exemplares nunca vão para Mônaco, Côte d'Azur, ou outros playgrounds dos ricos marítimos.

Mas por causa de sua geografia e história, La Ciotat é especial.

O M/Y Sky pertence a uma categoria conhecida como superiate — geralmente definidos como barcos cujo casco na linha de água mede mais que 24 metros. O maior deles pode custar 100 milhões de dólares ou mais e medir quase 140 metros de proa a popa. Especialistas estimam que 5 mil superiates estejam em operação no mundo, e que mais de um quinto deles foi adquirido nos últimos cinco anos.

Ser a líder global em manutenção de iates representa uma recuperação econômica notável para esta cidade de 34 mil habitantes.

Desde o início do século 19, a construção naval comercial foi a força econômica vital do porto. Quando um navio descia as rampas de madeira e entrava na água, criava ondas tão grandes que muitas vezes inundaram os cafés dos arredores, às vezes até virando carros estacionados de cabeça para baixo.

Mas após a Segunda Guerra Mundial, outras partes do mundo, particularmente o Japão e a Coreia do Sul, foram capazes de minar os armadores europeus. O principal estaleiro comercial daqui, o Chantiers Navals de La Ciotat, fechou em 1986, deixando seis mil pessoas desempregadas. Mas na década de 90, La Ciotat começou a voltar à vida marítima, quando construtores navais, construtores de mastros e outros artesãos especializados em veleiros customizados e barcos de lazer começaram a chegar.

Agora, a maioria dos iates que chegam a La Ciotat vem para inspeções necessárias para a verificação de seguro. Trabalhos maiores, que podem custar dezenas de milhões de euros ao proprietário, envolvem uma grande revisão, atualização ou reconstrução.

Autoridades locais dizem que os estaleiros ajudaram a salvar La Ciotat.

"Não dá para desenvolver uma cidade ignorando sua história", diz o prefeito de longa data, Patrick Boré.

No total, os estaleiros empregam cerca de 700 pessoas em tempo integral e subcontrata outras 700.

Um importante diferencial é o elevador submarino, instalado em 2007, que é capaz de levantar barcos que pesam até 1.800 toneladas. Um novo guindaste, capaz de levantamento barcos de até 300 toneladas, foi instalado em 2009. A modernização está compensando. Em 2007, 44 barcos foram levados para a terra para remontagem, conversão ou reparo. No ano passado, quase 220 iates foram içados para as docas.

Perguntaram a Michel Chatail, que foi técnico projetista no antigo estaleiro, se ele sentia falta dos velhos tempos em La Ciotat.

"Estamos realmente felizes agora. Os jovens têm empregos, e nós estamos aposentados."

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