Preso na Rússia desde quinta-feira sob acusação de "atividade jornalística ilegal", o repórter freelancer brasileiro Solly Boussidan, colaborador do jornal O Estado de S. Paulo, foi deportado na terça-feira para a Abkházia. O brasileiro havia sido inicialmente condenado a dez dias de prisão, mas acabou cumprindo metade da pena.
Boussidan não trabalhava em território russo e estava em trânsito rumo à Armênia com um visto de turista. Mas, com o atentado no aeroporto de Moscou, quando 35 pessoas morreram, o repórter enviou um relato sobre a cobertura televisiva da tragédia ao portal Terra. Dois dias depois, foi interrogado por 12 horas na cidade de Sochi e, então, levado a uma prisão em Adler, na costa do Mar Negro.
"Depois que fui detido, fiquei 48 horas sem comer. Em seguida, começaram a me dar uma refeição por dia. Não pude tomar banho, tomar meus remédios e fiquei com mais cinco pessoas em um quarto minúsculo", disse por telefone ao jornal O Estado de S. Paulo, após chegar à província separatista da Geórgia. "Teria ainda de ficar incomunicável, mas tinha um celular com acesso à internet e dizia aos guardas da prisão que era apenas um iPod."
Logo após a prisão, interrogadores pressionaram o repórter a assinar documentos em russo sem tradução e a abrir mão da proteção consular. A Embaixada do Brasil em Moscou conseguiu um visto de jornalista para Boussidan antes de ele ser levado à prisão, mas o juiz do caso não reconheceu o documento. "Sabia que seria deportado, mas não quanto tempo ficaria preso."
A deportação ocorreu no dia em que a Associação Nacional de Jornais, grupo brasileiro que defende a liberdade de expressão, condenou a "truculência das autoridades russas". "É infundada e abusiva a acusação de que (o repórter) se encontrava em situação ilegal", protestou a ANJ. O jornalista brasileiro chamou a atenção para a falta de liberdade de imprensa na Rússia, onde ele está proibido de entrar pelos próximos cinco anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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