Um apresentador do principal canal de TV pró-regime na Síria desertou, informou nesta segunda-feira o jornal britânico "The Guardian". O repórter da al-Dunya contou que passou informações de inteligência para rebeldes durante os últimos sete meses.

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Ghatan Sleiba, que também era âncora da emissora, é considerado o primeiro desertor do alto escalão da máquina de propaganda de Damasco.

"Eu sou o primeiro e provavelmente o último", disse Sleiba em entrevista ao "Guardian". "Há alguns de nós que querem fugir, mas há mais pessoas que amam o regime do fundo de seus corações."

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Sleiba, de 33 anos, chegou na Turquia na última quarta-feira e está hospedado com outros grupos rebeldes sírios. O repórter disse que opositores estão controlando a maioria do leste do país. "Isto é uma das coisas que eles não querem que a gente fale. O que estávamos fazendo não era reportagem, era simplesmente agir como língua do regime. Fiquei o máximo que pude para ajudar os revolucionários, mas não aguentava mais", disse o jornalista.

A al-Dunya tem como sócio um dos primos do presidente Bashar al-Assad. Como aliada do regime, a TV adotou o discurso de que o levante antigovernista que eclodiu no país há mais de um ano é uma conspiração de potências sunitas árabes e ocidentais para derrubar Assad.

Segundo Sleiba, havia uma lista de assuntos que os repórteres da al-Dunya podiam falar sobre e outra lista de possíveis entrevistados. O jornalista contou que a relação era feita pelo líder local do partido governista Ba'ath.

As primeiras dúvidas sobre a versão do regime para o levante - acusando terroristas pela violência no país - surgiu apenas dois meses depois dos primeiros protestos em março do ano passado. Mas só em novembro de 2011 que Sleiba entrou em contato com o opositor Exército Livre Sírio, dizendo que queria desertar.

"Eles me disseram que eu era mais útil se ficasse no meu trabalho. A partir de então, conversamos por Skype e eu disse o que eu sabia sobre o regime e movimentações militares", contou Sleiba.

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Rússia vai se reunir com opositores sírios

O governo russo vai se reunir com dois grupos de oposição sírios e o enviado especial da ONU Kofi Annan ainda neste mês de junho, anunciou a agência de notícias russa RIA. Segundo vice-chanceler Mikhail Bogdanov, um dos líderes opositores chegará a Moscou ainda nesta semana, e o novo chefe do Conselho Nacional Sírio, Abdulbaset Sieda, é esperado no país no próximo dia 10.

Um diplomata russo, que não quis se identificar, disse que Annan também deve chegar a Moscou no meio de julho. Os encontros têm como objetivo discutir a melhor forma de implementar o plano de paz de Annan, disse Bogdanov.

Mais cedo, a Liga Árabe fez um apelo para a união da oposição síria. Cerca de 250 opositores, incluindo membros do Conselho Nacional Sírio, devem se encontrar no Cairo para discutir a transição política por dois dias. Uma iniciativa patrocinada por ONU, Rússia e EUA. O Exército Livre Sírio e outros ativistas, no entanto, querem boicotar o debate e afirmam que a conferência é uma "conspiração" que só servirá para atender os objetivos dos aliados do regime, Rússia e Irã.

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