Um repórter do jornal italiano "La Repubblica" conseguiu burlar duas vezes em poucas horas os controles de segurança dos aeroportos de Roma e Milão, onde embarcou com uma faca afiada, que exibiu no avião sem que ninguém percebesse.
O jornalista Massimo Lugli colocou na cintura das calças, pelas costas, uma faca japonesa feita de cerâmica e "afiada como uma lâmina de barbear", que "se vende em qualquer loja especializada", publicou nesta sexta-feira o jornal.
Este tipo de arma, que não é identificada pelos detectores de metal, "foi usada, segundo as hipóteses mais prováveis, pelos terroristas do 11 de Setembro de 2001 para desviar pelo menos um dos aviões" nos Estados Unidos.
Lugli contou que conseguiu embarcar com a faca, sem problemas, nos aeroportos de Fiumicino, em Roma, e Linate, em Milão, apesar de ter sido registrado pelos seguranças.
O presidente do Ente Nacional para a Aviação Civil (Enac), Vito Riggio, disse nesta sexta-feira ao canal de televisão "Sky TG24" que este tipo de faca de cerâmica só é detectado com uma revista pessoal. No entanto, alegou ele, há "milhões de pessoas" transitando todos os dias pelos aeroportos.
- Se tivéssemos de fazer uma revista pessoal em todos, é claro que o sistema não funcionaria. É algo quase impossível - afirmou.
Riggio disse que os sistemas de segurança se baseiam em revistas "por mostras", aleatórias, e "até agora isso funcionou".
As duas viagens do jornalista foram realizadas na quinta-feira, a primeira saindo de Roma, onde, ao passar pelo detector de metais, o alarme soou.
- Talvez tenha sido a aliança, talvez o relógio de metal, mas com certeza não foi a faca -afirmou o repórter.
Lugli afirmou que foi revistado tanto com o detector de metais portátil como por um responsável da segurança, que, no entanto, não descobriu a faca que levava nas costas.
O jornalista relata que, enquanto ele passava tranqüilamente com a faca, um passageiro idoso tentava convencer, em vão, os agentes para que o deixassem passar com um frasco de espuma de barbear.
A situação se repetiu no aeroporto de Linate, embora neste caso os seguranças tenham pedido que mostrasse a fivela do cinto. O repórter levantou a camisa até o peito, a arma ficou visível, mas ninguém olhou suas costas.
O jornal publica fotos de Lugli dentro do avião, mostrando a faca, e descascando tranqüilamente uma maçã sentado em seu lugar. O jornalista também foi ao banheiro, deixando o cabo da faca à mostra, mas "ninguém olhou".
Durante o vôo de volta, Lugli voltou a descascar uma maçã com a faca, mas desta vez "um passageiro olhou com curiosidade, depois voltou a ler o jornal".