O representante de Taiwan no Brasil, Benito Lao, descartou a possibilidade de iminente invasão chinesa à ilha asiática, graças à percepção dos "efeitos catastróficos" que isso teria na economia mundial e o reforço da presença militar de aliados ocidentais na região. Durante encontro com jornalistas, políticos e empresários em Brasília nesta quinta-feira (22), organizado pelo Instituto Monitor da Democracia (IMD), ele ressaltou a dependência global da indústria automotiva e de telecomunicações de suprimentos taiwaneses, sobretudo semicondutores.
As crescentes ameaças de Pequim à ilha, que a considera uma província rebelde, têm provocado reações internacionais, incluindo o deslocamento de frotas de navios de guerra europeus e americanos para a região. Taiwan é ponto crucial na crise comercial entre os Estados Unidos e a China, produzindo 90% dos chips mais avançados do mundo, essenciais à expansão de tecnologias cada vez mais presentes no cotidiano.
A vitória de Lai Ching-te nas eleições presidenciais de Taiwan elevou as preocupações sobre uma possível intervenção militar chinesa, dada a sua posição ostensivamente contrária à unificação com a China. Lao destacou que o pedido recente de Pequim para o Brasil confirmar apoio à reincorporação da ilha soa "falta de autoconfiança", considerando a posição favorável já manifestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a sua visita ao gigante asiático no ano passado.
Lao enfatizou que Taiwan mantém sua soberania devido ao seu perfil democrático, que atrai a cooperação de atores como Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Ele também disse que espera uma postura mais flexível do Brasil na concessão de vistos, visando impulsionar negócios e turismo. Neste sentido, ressaltou que portadores de passaporte taiwanês podem entrar em 143 países sem visto, incluindo Chile, Peru, Equador e Paraguai.
Além disso, apontou que o fluxo comercial entre Brasil e Taiwan está aquém do potencial, totalizando US$ 1,6 bilhão em exportações e importações de US$ 2,6 bilhões, em 2023. Uma das áreas mais promissoras para a relação bilateral, aponta, está no mercado de créditos de carbono.