A Noruega confirmou que representantes do ditador Nicolás Maduro e do presidente interino da Venezuela e líder da oposição, Juan Guaidó, vão retornar a Oslo na próxima semana para dar sequência à rodada inicial de conversas, que buscam uma saída para a profunda crise instalada no país.
Será a primeira vez que as duas partes vão se reunir cara a cara – os representantes já haviam viajado a Oslo em meados de maio, mas suas reuniões aconteceram separadamente.
"Reiteramos nosso compromisso de continuar apoiando a procura por uma solução comum entre todas as partes na Venezuela", disse o Ministério das Relações Exteriores do país escandinavo em uma declaração.
Em meio a pior crise sócio-econômica de sua história recente, Maduro e a oposição liderada por Guaidó aceitaram a mediação da Noruega.
No sábado (25), Guaidó compartilhou em suas redes sociais um documento, assinado por ele, no qual informa a intenção da oposição em dialogar com o regime, diante do convite feito pela Noruega. "Para evitar o uso enganoso que se possa dar a esse processo, gerando desconfiança, dividindo-nos e aliviando a pressão [a Maduro], informaremos oportunamente sobre os passos que se deem nesta instância", informa o comunicado.
Participarão das negociações pela oposição, o vice-presidente da Assembleia Nacional, Stálin González, o ex-prefeito de Baruta Fernando Martínez Mottola e o ex-ministro de Transportes e Comunicações Gerardo Blyde, com a assessoria técnica de Vicente Díaz.
Pelo regime participarão o chanceler Jorge Arreaza, o ministro de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, e o governador do estado de Miranda, Héctor Rodríguez.
Maduro agradeceu ao ao governo da Noruega "por seus esforços para avançar nos diálogos sobre paz e estabilidade na Venezuela". "Nossa delegação parte para Oslo com a disposição de trabalhar na agenda abrangente acordada e avançar na construção de bons acordos", tuitou na noite de sábado.
Diálogo sério?
Os Estados Unidos estão adotando uma postura cética quanto ao diálogo em Oslo. Em um comunicado, também divulgado no sábado, o Departamento de Estado americano disse que "eleições livres não podem ser supervisionadas por um tirano", lembrando que negociações anteriores com Maduro falharam "porque o regime as usa para dividir a oposição".
"Como já afirmamos repetidamente, acreditamos que a única coisa a negociar com Nicolás Maduro são as condições de sua partida. Esperamos que as conversações em Oslo se concentrem nesse objetivo e, se o fizerem, esperamos que o progresso seja possível", diz o comunicado assinado pelo porta-voz do Departamento, Morgan Ortagus.
Em um discurso em Carora, no oeste de Venezuela, no sábado, Guaidó disse que a oposição não permitirá um "falso diálogo".
"Nós fizemos tudo e vamos insistir, porque hoje, combinando todas as estratégias, todas as ferramentas, é que vamos conseguir dar o passo definitivo", completou o líder da oposição.
As conversas em Oslo receberam o respaldo da Organização das Nações Unidas (ONU) e de seu secretário-geral António Guterres, que se mostrou disposto a colaborar com o processo.
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