Milhares de sírios protestaram nesta sexta-feira por todo o país para reafirmar a determinação de manter as manifestações até a queda do regime de Bashar al-Assad, cuja repressão matou pelo menos 22 pessoas, segundo militantes e defensores dos direitos humanos, que reportaram ainda a descoberta de 15 cadáveres em várias cidades do país.

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No dia seguinte às declarações do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que fez um apelo por uma ação internacional coerente na Síria, destacando as "promessas não cumpridas" de Assad, as forças de segurança do país mantiveram as operações de eliminação e perseguição, e fizeram novas vítimas.

Apesar da repressão, manifestantes saíram mais uma vez às ruas principalmente em Deir Ezzor (noroeste), Homs (centro) e em Damasco, sob o lema "nós continuaremos até a queda do regime".

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Os militantes se dizem "mais do que nunca determinados" a derrubar o regime, seis meses após o início da revolta em meados de março.

Em Homs, dois manifestantes foram assassinados por agentes de segurança durante manifestações que reuniram milhares de pessoas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e militantes no local.

Sete civis foram mortos em Hama (centro), dois em Homs, três em Idleb (noroeste), quatro no subúrbio de Damas e seis na região de Deraa (sul), informou a OSDH à AFP.

Além desses assassinatos, o OSDH descobriu 15 cadáveres em várias cidades, a maioria de pessoas que morreram nas últimas 24 horas em operações realizadas pelas forças de segurança.

A televisão pública síria anunciou que um membro das Forças Armadas foi morto e outros quatro ficaram feridos em Basr al-Harir, no departamento de Deraa, durante ataques realizados por "grupos armados".

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Desde o início da onda de contestação a repressão fez mais de 2.600 mortos, segundo a ONU. Mais de 70.000 sírios foram detidos, mais de 15.000 estão presos e milhares de outros desapareceram, segundo o OSDH.

A revolta na Síria será abordada na terça-feira à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York pelo presidente americano, Barack Obama, e pelo premier turco, Recep Tayyip Erdogan.

Em visita à Líbia, Erdogan criticou fortemente o presidente Assad, ao afirmar que "este tipo de dirigente deve compreender que sua era terminou porque o tempo dos regimes opressores já acabou".

Enquanto isso, a oposição tenta se organizar sem muito sucesso.

Em Istambul, opositores sírios anunciaram a criação de um "Conselho Nacional" para organizar a luta contra o regime, no poder há quase meio século.

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Um outro grupo batizado de "Conselho Nacional de Transição Sírio" é dividido em comitês de coordenação da revolução. Escolhido como presidente deste Conselho, Burhan Ghaliun, diretor do Centro de Estudos Árabes da Sorbone em Paris, prometeu fazer desta iniciativa "o ponto de partida de uma verdadeira oposição unificada".

Outros partidos de oposição se juntaram em uma "instância de coordenação nacional", e devem se reunir no sábado em Damasco.

Aproximadamente 300 opositores, entre eles o renomado economista Aref Dalila e os escritores Michel Kilo, Georges Sara e Hussein Udate, deverão debater "meios para sair da crise", segundo uma fonte à AFP.