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Os direitos humanos e a repressão continuam a piorar na China às vésperas da Olimpíada de Pequim de 2008, e o governo ainda não cumpriu sua promessa de garantir a liberdade de imprensa, disse a Anistia Internacional na segunda-feira.

Uma das maiores preocupações são os despejos forçados para abrir espaço para projetos relacionados aos Jogos e a detenção de pessoas que protestaram contra os despejos, e o Comitê Olímpico Internacional deveria abordar o assunto com o governo, disse a organização.

"O COI não pode desejar uma Olimpíada manchada por abusos dos direitos humanos, seja de famílias despejadas à força de seus lares para abrir espaço para arenas esportivas ou números crescentes de ativistas pacíficos detidos em 'prisão domiciliar' para evitar que chamem a atenção para assuntos relacionados aos direitos humanos", disse Catherine Baber, diretora da Anistia Internacional para a Ásia e Pacífico.

A organização declarou em um relatório que o COI deveria tornar públicas suas preocupações a respeito dos direitos humanos se não conseguir que Pequim ceda, acrescentando que "a Olimpíada aparentemente age como catalisador para ampliar o uso de detenções sem julgamento".

O COI declarou que recebeu uma cópia do relatório.

"O relatório é abrangente e gostaríamos de digerir os detalhes contidos nele antes de voltarmos a nos pronunciar", disse um porta-voz.

Embora a Anistia Internacional tenha recebido bem a decisão do governo chinês de permitir que alguns ativistas veteranos viajem para o exterior, o grupo disse que ainda existem "sérios riscos de abuso" para muitos outros dissidentes, como o advogado cego Chen Guangcheng.

A Anistia disse que Ye Guozhu, preso por organizar protestos contra os despejos forçados em Pequim, foi torturado na prisão.

"A organização (...) incita o COI a abordar essas alegações de despejos forçados e prisões relacionadas junto às autoridades chinesas em uma tentativa de esclarecer a situação", acrescenta o relatório.

A China parece excessivamente preocupada em garantir a estabilidade, o que pode sair pela culatra, afirma ainda.

"Se por um lado essas preocupações são compreensíveis para qualquer país sediando um evento internacional dessa magnitude, políticas e práticas devem ser instauradas no tocante ao domínio da lei e aos direitos humanos, ou corre-se o risco de alimentar ainda mais a discórdia."

Além disso, o cerco de Pequim à mídia local tem se intensificado, apesar de suas promessas de liberdade de imprensa, diz a Anistia.

"A incapacidade de garantir direitos iguais e liberdades tanto para jornalistas locais quanto estrangeiros cheira a dois pesos, duas medidas. A China ainda precisa cumprir sua promessa de garantir total liberdade de imprensa na Olimpíada", disse Baber.

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