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A primeira-dama dos EUA, Melania Trump, discursa na Convenção Republicana, no Rose Garden da Casa Branca| Foto: Brendan Smialowski/AFP

A mensagem dos republicanos na segunda noite da convenção nacional do partido, realizada nesta terça-feira (25): o presidente Donald Trump não é perverso e divisivo como os democratas o pintam. Para desconstruir os argumento da oposição, o partido apostou em testemunhos da família do presidente, especialmente da primeira-dama Melania Trump, que fechou a noite com palavras moderadas, mesmo tocando em assuntos sensíveis para os americanos

O discurso dela representou a mais forte manifestação de solidariedade do governo aos que sofrem na pandemia, demonstrando empatia com as vítimas da Covid-19, doença que matou mais de 177 mil americanos. "Desde março, nossas vidas mudaram dramaticamente. O inimigo invisível afetou todos nós. Minha maior compaixão a todos os que perderam alguém", disse Melania, que ofereceu orações para os que estão doentes e para as famílias que perderam alguém.

Ainda em tom de consolo às vítimas da Covid-19, a primeira-dama defendeu Trump e disse que o marido "não irá descansar até que possa cuidar de cada um afetado pela pandemia". "Eu sei que muitos estão ansiosos e alguns sem esperança. Quero dizer que vocês não estão sozinhos. O governo do meu marido não ficará satisfeito até encontrar tratamento ou vacina", afirmou a primeira-dama em frente a dezenas de convidados no Jardim da Casa Branca.

A pandemia virou um teto de vidro para a campanha do republicano e fez Trump, que começou o ano como favorito à reeleição, ficar quase 10 pontos atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas de intenção de voto. Na campanha à reeleição, o presidente tem ignorado o componente humano da tragédia e mantém a estratégia de culpar a China pelo vírus.

Divisões raciais

Em uma mudança completa do tom raivoso que vinha sendo usado para falar dos protestos antirracismo, com foco nos tumultos que estão ocorrendo em várias cidades americanas, Melania pediu que aos cidadãos americanos reflitam sobre as questões raciais e o que está acontecendo no país.

"Gostaria de pedir aos cidadãos deste país que parem por um momento, façam uma pausa e vejam as coisas de todas as perspectivas. Exorto as pessoas a se unirem de maneira civilizada para que possamos trabalhar e viver de acordo com nossos ideais americanos", disse ela."Tenho refletido sobre a agitação racial em nosso país. É uma dura realidade que não nos orgulhamos de partes de nossa história.… Pare com a violência e os saques feitos em nome da justiça, e nunca faça suposições baseadas na cor da pele de uma pessoa”.

A primeira-dama também defendeu o jeito intempestivo de seu marido. “Quer goste ou não, você sempre sabe o que ele está pensando. E isso porque ele é uma pessoa autêntica que ama este país e seu povo e deseja continuar a torná-lo melhor”, disse Melania. “Ele não quer nada mais além de que este país prospere e ele não perde tempo brincando de política”.

Com Melania, a campanha republicana também busca angariar apoio do eleitorado feminino. Antes da aparição da primeira-dama, um vídeo de mulheres que trabalharam com Trump foi exibido durante a convenção.

Imigração e críticas

A postura de Trump sobre imigração também foi atenuada durante esta segunda noite. O presidente apareceu em um vídeo concedendo cidadania a cinco imigrantes da Bolívia, Líbano, Índia, Sudão e Gana. O ato foi criticado por analistas políticos americanos que acusaram o presidente de fazer uso indevido do poder presidencial para beneficiar sua campanha.

As mesmas reclamações foram feitas às cenas em que Trump aparece concedendo perdão presidencial a Jon Ponder, condenado por roubar um banco e que, após ser solto, criou um programa de reintegração para ex-presidiários. A campanha de Trump defendeu-se dizendo que o material havia sido publicado anteriormente em meios públicos e que não havia sido criado exclusivamente para a campanha de reeleição - uma justificativa que também foi questionada.

A presença do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, na convenção também não pegou bem. O discurso dele, feito desde Jerusalém, onde está em missão do governo americano, atraiu críticas de diplomatas e dos democratas do Congresso, que prometeram investigar se a presença de Pompeo na convenção é legal ou não.

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