As eleições de 2 de novembro próximo nos EUA estão sendo consideradas, pelos analistas internacionais, como uma das mais importantes disputas eleitorais da história política recente do país. E o motivo é simples: há muito em jogo no momento. Os EUA acabam de superar pelo menos oficialmente uma crise econômica que levou o mercado imobiliário praticamente à bancarrota, descapitalizou os bancos e fez com que parcelas significativas da população perdessem seus empregos. Hoje, cerca de 10% da população economicamente ativa do país não consegue colocação no mercado de trabalho.
"Isso porque Obama pegou uma herança bastante difícil, resultado da crise econômica na qual o país mergulhou em 2008. Os números mostram que, paulatinamente, os EUA têm conseguido sair da crise, mas não é isso que os americanos sentem no dia a dia", afirma Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
E o desajuste econômico continua afetando, principalmente, redutos eleitorais democratas partidários do presidente Obama. "É fato também que a parcela populacional mais afetada economicamente é composta por grupos que são, originalmente, redutos eleitorais de Obama. Logo, para a população, o sentimento é que a crise ainda existe", explica Ayerbe. Como consequência, votos que outrora seriam destinados aos candidatos do Partido Democrata agora podem se deslocar para os candidatos do Partido Republicano.
Pesquisas
Pesquisas de opinião e intenção de voto nos EUA apontam para uma virada. Os democratas, que detêm desde 2008 a maioria de representantes tanto no Senado quanto na Câmara, estão prestes a perder parcial ou definitivamente, ainda não se sabe essa vantagem. A situação, porém, é mais delicada na Câmara. Algumas pesquisas já realizadas indicam que os democratas podem vir a perder até 90 cadeiras na Casa. No Senado a situação de Obama é um pouco mais tranquila, já que as pesquisas apontam para uma vitória apertada dos democratas.
Mas a perda da maioria em uma ou outra Casa não caracteriza um golpe fatal às aspirações de Obama já de olho na possibilidade de reeleição em 2012. "Outros presidentes, como Ronald Reagan e Bill Clinton, sofreram derrotas nessas eleições e se recuperaram", analisa Ricardo Costa Oliveira, professor de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Mas enquanto não reverter ou solucionar a crise econômica que assola o país, ele não terá condições de competitividade nas futuras eleições", conclui Oliveira.
No dia 2 de novembro, os americanos renovarão toda a Câmara dos Representantes, um terço do Senado e 37 dos 50 governadores estaduais do país.
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