Depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que acredita que as eleições de 2020 vão terminar somente na Suprema Corte, vários republicanos, incluindo Mitch McConnell, líder do partido no Senado, garantiram nesta quinta-feira (24) que haveria uma transferência pacífica de poder. "O vencedor da eleição de 3 de novembro tomará posse em 20 de janeiro", escreveu McConnell, no Twitter. "Haverá uma transição ordenada, assim como ocorre a cada quatro anos desde 1792".
A celeuma foi causada pelas declarações de Trump, na noite de quarta-feira, na Casa Branca. Ao ser questionado por jornalistas ele se recusou a se comprometer com uma transição pacífica de poder caso seja derrotado. "Vamos ver o que acontece", disse. Em seguida, o presidente sugeriu que a eleição terminará na Justiça. "Acho que isso vai acabar na Suprema Corte e, por isso, é muito importante termos nove juízes".
Ontem, vários assessores do presidente tentaram desfazer qualquer mal-entendido e asseguraram que o resultado das urnas será respeitado. "Donald Trump aceitará os resultados de uma eleição livre e justa", afirmou Kayleigh McEnany, porta-voz da Casa Branca.
Logo depois, porém, Trump contradisse McEnany e voltou a questionar a lisura do processo eleitoral. "Queremos garantir que a eleição seja limpa, mas não tenho certeza de que isso seja possível", afirmou o presidente. "Temos de ter muito cuidado com as cédulas, que podem ser parte de uma grande fraude".
Segundo analistas, estrategistas e pessoas ligadas ao presidente a intenção de Trump seria levantar dúvidas sobre a legitimidade do processo, especialmente os votos por correspondência, para poder questionar depois o resultado na Justiça.
Ontem, McConnell e alguns republicanos moderados, principalmente os que enfrentam as urnas em novembro, garantiram que aceitarão a derrota. "Somos os Estados Unidos da América. Não somos uma república de bananas", disse o senador Dan Sullivan. "A transferência pacífica de poder é a marca da democracia americana", disse a senadora Susan Collins.
Na Justiça
No entanto, alguns líderes mais próximos do presidente disseram que a disputa pode mesmo ser decidida na Justiça e, por isso, é urgente nomear uma substituta para a juíza Ruth Bader Ginsburg, que morreu na semana passada - a terceira indicação de Trump em quatro anos faria o presidente ter escolhido um terço do tribunal e deixaria os conservadores com uma maioria de 6 a 3.
"Acho que as ameaças de judicialização da eleição são a razão mais importante pela qual devemos confirmar um nome para a Suprema Corte, para que haja uma bancada que possa resolver qualquer desafio eleitoral", disse o senador Ted Cruz.
"As pessoas se perguntam sobre a transferência pacífica de poder. Eu posso garantir que será pacífica", afirmou o senador Lindsey Graham. "Eu prometo, como republicano, que se a Suprema Corte decidir que Joe Biden venceu, eu aceitarei o resultado. O tribunal decidirá. Se os republicanos perderem, aceitaremos o resultado".
A recusa do presidente em dizer claramente se aceitará ou não os resultados da eleição foi criticada pelos democratas. "Você não está na Coreia do Norte", disparou a deputada Nancy Pelosi, presidente da Câmara. "É desse jeito que as democracias morrem", afirmou o também deputado Adam Schiff. Já Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado, disse que Trump é a "maior ameaça à democracia americana".
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