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corrida presidencial

Republicanos guinam à extrema-direita contra Trump

Pub de Londres coloca Ted Cruz, Donald Trump e Marco Rubio lado a lado em banheiro: ideia é que os clientes respondam a uma pesquisa informal dizendo de qual pré-candidato republicado eles menos gostam | JUSTIN TALLIS/AFP
Pub de Londres coloca Ted Cruz, Donald Trump e Marco Rubio lado a lado em banheiro: ideia é que os clientes respondam a uma pesquisa informal dizendo de qual pré-candidato republicado eles menos gostam (Foto: JUSTIN TALLIS/AFP)

Para evitar a nomeação de Donald Trump, líderes do Partido Republicano estão começando a considerar o apoio a Ted Cruz. O senador texano, contudo, nunca foi próximo à cúpula do partido e tem ideias de extrema-direita, o que fazem dele um candidato pouco competitivo nas eleições presidenciais de novembro. Mas, diante do cenário de caos esperado, Cruz, que registrou bom desempenho nas primárias do fim de semana, se torna uma opção.

A campanha de Cruz esperava anunciar, ainda na noite de ontem, o apoio de até quatro senadores. Até então, nenhum dos colegas do texano sustentava sua candidatura, mostrando o quão rejeitado ele era. Em seus discursos de vitória, Cruz sempre faz questão de provocar a cúpula republicana e dizer que quem decide o candidato é o povo “e não a burocracia de Washington”.

Mas, diante do fracasso de Marco Rubio – o senador da Flórida venceu apenas nas primárias de Porto Rico e teve desempenho muito pior que o estimado –, Cruz surgiu como candidato ainda com viabilidade para tirar a liderança de Trump. Ao vencer em Kansas e no Maine, o texano já acumula vitórias em seis estados e soma 300 delegados para a convenção de julho.

Se for nomeado, Cruz terá dificuldades para conquistar o voto dos moderados e independentes em novembro. Ele listou nove prioridades em sua campanha, entre elas: “restaurar a Constituição (e permitir o uso da palavra “Deus” em escolas e textos de lei, além de acabar com o Obamacare, o programa de saúde pública do governo federal), “proteger a Segunda Emenda” (ou seja, o direito a compra e ao porte de arma para todos os americanos), “tratar da segurança das fronteiras como segurança nacional” (impedindo qualquer iniciativa para legalizar os imigrantes sem papéis e ainda reduzir os espaços para a imigração legal), “Vida, casamento e família” (é totalmente contrário a qualquer forma de família que não seja um casamento entre homem e mulher), “Trabalho e oportunidade” (quer reformar todo o sistema fiscal dos EUA, criando novas reduções de taxas) e “controlar Washington” (propondo uma profunda redução do tamanho do Estado).

Bloomberg desiste da disputa

Com 46 anos, Cruz é um político controverso. Sua força política cresce quando o movimento de extrema-direita “tea party” avança entre os republicanos. Seus discursos são carregados de palavras e citações bíblicas, defesa das armas e combate ao aborto. Ele possui uma outra particularidade: na verdade nasceu no Canadá, filho de mãe americana e pai cubano. O ponto já foi questionado por Trump, que alega que talvez Cruz não possa ser candidato à presidente, embora a maior parte dos analistas afirmam que a Constituição diz que para chegar à Casa Branca é preciso ser “americano nato”, o que ele é, mesmo nascendo em outro país.

Mas qualquer candidato parece ser melhor que Trump. Ontem o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, comparou a ascensão do magnata à campanha de Mussolini e de Hitler, indicando que, se eleito, terá problemas com um dos principais parceiros comerciais do EUA. O bilionário Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York pelo partido republicano, desistiu ontem de ser candidato independente à Casa Branca por temer, entre outras coisas, que sua candidatura dividiria ainda mais a corrida presidencial americana, facilitando uma vitória de Trump.

Grupos ligados ao partido intensificaram o ataque ao bilionário em anúncios vinculados na Flórida, terceiro maior estado em número de delegados, que realiza sua primária no dia 15. Antes, contudo, Trump e Cruz passarão hoje pelas prévias de Michigan, Mississippi, Idaho e do Havaí, que definem 150 delegados, ou 12% do necessário para se obter a nomeação do partido.

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