Forças dos Estados Unidos e do Afeganistão trocaram fogo com insurgentes, em plantações de papoula localizadas em um bastião do Taleban, Marjah, ontem. Tentando evitar confrontos prolongados, marines pediram apoio de um ataque de artilharia, para dispersar grupos de atiradores que atrapalhavam o avanço deles pela cidade do sul afegão.Pela primeira vez desde o início da ofensiva, no sábado, forças dos EUA lançaram artilharia não letal para intimidar os insurgentes, que responderam com foguetes e morteiros. Os marines disseram que a resistência dos rebeldes estava, ontem, menos organizada que nos dias anteriores. "Nós não estamos vendo ataques coordenados como os ocorridos inicialmente. Ainda observamos tiros com armas de pequeno calibre, mas é esporádico", notou um porta-voz militar dos EUA, capitão Abraham Sipe. "No geral, onde ainda há resistência, é de natureza desorganizada."
Um porta-voz do Taleban, porém, afirmou que os insurgentes têm o controle da cidade. O porta-voz rebelde, Tariq Ghazniwal, convidou os jornalistas a visitarem Marjah, afirmando que essa visita mostraria quem de fato controla a cidade.
Outros três civis afegãos foram mortos na ofensiva, segundo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). As mortes, em três incidentes separados, ocorreram após um ataque com um míssil dos EUA no domingo matar 12 pessoas, a metade delas crianças.
Aproximadamente 15 mil soldados da Otan e do Afeganistão participam da ofensiva na região de Marjah o centro logístico da rede de contrabando de papoula no país. A papoula é a matéria-prima do ópio. Um porta-voz militar disse que um soldado afegão morreu na ofensiva. Um norte-americano e um britânico morreram no sábado.
Principal comandante do Taleban é capturado
O principal comandante militar do Taleban foi capturado no Paquistão em uma operação conjunta das forças de inteligência dos EUA e locais, disseram um alto funcionário norte-americano e outras fontes ontem. Segundo o norte-americano, o Paquistão mantém detido há vários dias Mullah Abdul Ghani Baradar, segundo membro mais importante do Taleban, atrás apenas de seu fundador, mulá Mohammad Omar.
O funcionário dos EUA falou ontem, pedindo anonimato. Um agente de inteligência paquistanês confirmou que Baradar foi preso dez dias atrás e está sendo interrogado. O jornal The New York Times informou primeiro sobre a prisão, em seu site.
Um porta-voz do Taleban no Afeganistão afirmou que Baradar ainda está livre, mas não tinha provas disso. "Negamos totalmente esse rumores. Ele não foi preso", garantiu Zabiullah Mujahid, em entrevista por telefone. Segundo ele, o relato sobre a prisão é propaganda ocidental para minimizar a resistência dos rebeldes a uma ofensiva em Marjah, no sul afegão, um bastião do Taleban.
"O Taleban está tendo êxito com nossa guerra santa. (A notícia) é para tentar desmoralizar o Taleban, que está em guerra santa em Marjah e em todo o Afeganistão", afirmou o porta-voz.
A agência de espionagem do Paquistão foi acusada, no passado, de proteger altos líderes do Taleban afegão escondidos no país. Prender Baradar poderia ser um sinal de que Islamabad está considerando cada vez mais perseguir o Taleban, ou ao menos alguns de seus membros.
Baradar encabeça o conselho militar do Taleban e subiu ao posto após a morte, em 2006, do chefe militar mulá Akhtar Mohammed Usmani. Ele coordena operações militares no sul e sudoeste do Afeganistão. Segundo a Interpol, Baradar foi o vice-ministro de Defesa no regime do Taleban, que controlou o Afeganistão até 2001.