As resoluções da ONU contra o programa nuclear do Irã "não valem um centavo", e Teerã não cederá a pressões, disse nesta quarta-feira o presidente Mahmoud Ahmadinejad, num momento em que seis potências mundiais discutem novas sanções à República Islâmica.
Os EUA e seus aliados suspeitam que o Irã esteja desenvolvendo armas atômicas secretamente, apesar de Teerã insistir no caráter pacífico das suas atividades de enriquecimento de urânio.
"Vocês devem saber que suas resoluções não valem um centavo", disse Ahmadinejad, dirigindo-se às grandes potências. "Se vocês acham que fazendo confusão e propaganda podem nos forçar a recuar, estão errados. A nação iraniana não irá recuar nem uma polegada da sua posição", afirmou ele em discurso no sudoeste do Irã.
O Irã habitualmente minimiza o impacto das sanções da ONU e dos EUA, mas analistas dizem que elas estão afetando a economia, por aumentarem os custos comerciais e afastarem investimentos estrangeiros.
Os EUA propõem uma quarta rodada de sanções da ONU ao Irã, com restrições a bancos e empresas de navegação, por exemplo.
Turquia e Brasil, membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, são contra as novas sanções e tentam retomar uma negociação para o intercâmbio de material nuclear, o que reduziria o risco de que Teerã enriqueça urânio para fins militares.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o Irã no próximo dia 16, e a chancelaria iraniana disse terça-feira que o premiê turco, Tayyip Erdogan, também deve estar em Teerã no mesmo dia que Lula.
O governo Obama acusa Teerã de tentar ganhar tempo ao aceitar a oferta brasileira de mediação, e que Washington manterá seu empenho por novas sanções.
Declarando "o fim da dominação satânica dos EUA", Ahmadinejad disse que as forças estrangeiras deveriam deixar o Oriente Médio, pois do contrário receberão "um tapa na cara".
O ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, disse à agência de notícias Fars que os EUA correm o risco de enfrentar isolamento e grandes dificuldades.
EUA e Israel não descartam uma ação militar contra o programa nuclear iraniano. Teerã ameaça retaliar se sofrer um ataque.
"Achamos que os norte-americanos são suficientemente inteligentes para não fazer um ato não-inteligente contra a República Islâmica", disse Vahidi, no último dia de exercícios navais do Irã nos golfos Pérsico e de Omã.