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Para alguns, ficar na primeira fileira numa aula de fitness garante mais resultados para o corpo e para a autoconfiança | Cassandra Giraldo/The New York Times
Para alguns, ficar na primeira fileira numa aula de fitness garante mais resultados para o corpo e para a autoconfiança| Foto: Cassandra Giraldo/The New York Times

Nesta época do ano, muitas pessoas fazem resoluções de melhorar sua forma física. Mas quantos de nós tomamos a resolução de melhorar nossa saúde mental? Quantos de nós, como Pico Iyer, que escreveu sobre o assunto no "New York Times", preferiríamos "abrir mão de comer na rede de fast-food Taco Bell pelo resto da vida, em vez de encarar as disciplinas rigorosas do ioga ou do tai chi"?

Quando chegou à metade da casa dos 50 anos, Iyer parou de comer "junk food". Mas, enquanto aguardava na sala de espera do médico, viu-se devorando revistas sobre "a vida secreta de Monica Lewinsky" ou "a cleptomania de Winona Ryder".

Mais tarde, depois de uma recomendação médica, ele começou a praticar exercícios físicos regularmente, com resultados satisfatórios. "O esforço físico me deixava ao mesmo tempo mais calmo e revigorado", escreveu. Mesmo assim, alguma coisa estava faltando. "Você nunca pensou em fazer a mesma coisa com sua mente?", perguntou um amigo.

Ele não tinha, até perceber que é o tipo de pessoa que ele hoje descreve como "externalista": alguém que "se demora prestando atenção a tudo que vê pela frente, para desviar sua atenção do fato de que seu bem-estar depende daquilo que ele não vê".

Assim, no último Natal, em vez de aproveitar a agitação do fim do ano para tirar férias em algum destino distante, Iyer ficou na casa de sua mãe, na Califórnia.

"Passei a pensar que a maioria dos destinos é menos importante que o espírito dentro do qual você vai até eles", escreveu. "E esse espírito se desenvolve melhor se você fica parado, em vez de correr para todos os lados."

Iyer ainda curte ouvir os detalhes de algum escândalo sexual do Congresso ou de algum livro de memórias de uma celebridade. Mas sabe que, no final, "a única coisa à qual vou poder me voltar é aquilo que fiz quando não estava indo a lugar algum".

Algumas pessoas, por outro lado, optam por intensificar a adrenalina mental de suas sessões de malhação física. Entre elas figuram as chamadas pessoas da primeira fileira, aquelas que adoram se exercitar e que são ágeis e corajosas o suficiente para buscar aqueles lugares na frente das aulas de ginástica ou fitness.

Nas aulas com mais alunos, "um lugar na frente da turma é um símbolo de status, algo comparável a ter um lugar na primeira fileira em um concerto ou desfile de moda", escreveu Courtney Rubin no "New York Times". Estar ali "mostra que você tem capacidade para acompanhar a aula e confiança para liderar a turma."

Priya Rao, que chegou à primeira fileira de sua aula de aeróbica, disse ao "NYT": "Isso obriga você a aprender os movimentos em menos tempo. Você faz uma aula melhor. Você tem que tentar fazer tão bem quanto a instrutora."

Embora essa ideia possa chocar os mestres da meditação de atenção consciente, essa filosofia de sempre avançar e ficar na frente pode chegar até as aulas de meditação, que estão sendo usadas por alguns profissionais como oportunidades para fazer contatos profissionais.

"Os estúdios e conferências de meditação frequentados por profissionais de Manhattan estão virando um novo lugar para se fazer networking sem que fique muito na cara que você está à procura de trabalho", escreveu Laura Holson no "New York Times".

Sam Zafar, que decididamente não quer ficar na primeira fileira, contou que evita chamar a atenção nas aulas de fitness depois de sofrer uma experiência altamente negativa em um lugar de destaque. Nas palavras dela, "essa é a única hora do dia em que posso me descontrair, então não quero ficar estressada com a obrigação de fazer bem".

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