Os restos mortais do ditador espanhol Francisco Franco foram exumados nesta quinta-feira (24) de um mausoléu público no Vale dos Caídos, nas proximidades de Madri, onde estavam desde sua morte, há mais de quatro décadas.
O destino dos restos mortais de Franco será o cemitério particular Mingorrubio, no bairro de El Pardo, ao norte de Madri, onde ele será enterrado na cripta da família ao lado de sua mulher, Carmen Polo. Se a visibilidade permitir, o traslado será feito de helicóptero. Se não for possível, a viagem ocorrerá por terra.
Momentos antes do início da operação, 22 membros da família do general, que governou a Espanha com mão de ferro entre 1939 e 1975 após sua vitória na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), entraram na basílica para acompanhar a exumação, que foi realizada a portas fechadas.
Uma vez no cemitério, a missa para o novo sepultamento será conduzida pelo padre Ramón Tejero, filho de Antonio Tejero, o tenente-coronel que liderou uma tentativa frustrada de golpe de Estado em 1981.
Exumação polêmica
A operação para exumar os restos mortais de Franco provocou muitas discussões e reabriu velhas feridas na Espanha. O governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez transformou a exumação em uma de suas prioridades depois de chegar ao poder em junho de 2018, para que o mausoléu em questão deixe de ser um lugar de exaltação do franquismo.
Sánchez havia prometido a exumação ainda para 2018. Mas o processo foi adiado em mais de um ano em razão da batalha judicial iniciada por sete netos do ditador.
A oposição acusa o líder do PSOE de utilizar a exumação para obter frutos eleitorais a pouco mais de duas semanas das eleições legislativas, que serão realizadas no dia 10 de novembro.
"Isto deveria ser feito em um período não pré-eleitoral", disse o líder do partido de esquerda radical Podemos, Pablo Iglesias.
"Nós não vamos gastar nem um minuto para falar sobre o que aconteceu na Espanha há 50 anos", afirmou recentemente o líder do conservador Partido Popular (PP), Pablo Casado.
Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita Vox, criticou a "profanação de um túmulo".