A gigante chinesa Huawei, que está no epicentro de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos, deve amargar um prejuízo de US$ 30 bilhões (R$ 116 bilhões) nos próximos dois anos devido às sanções americanas, segundo o presidente-executivo da companhia, Ren Zhengfei.
As vendas de celulares da Huawei fora da China caíram em cerca de 40% desde que o Departamento de Comércio americano incluiu a empresa em sua "lista de pena de morte", proibindo empresas americanas de venderem suas tecnologias para a Huawei – até então, a Huawei era a segunda maior vendedora mundial de celulares e a maior vendedora de equipamentos de rede de telecomunicações, com receita anual de cerca de US$ 105 bilhões.
Importantes fornecedores, como o Google, pararam de vender para a companhia chinesa depois das restrições americanas. O software Android era crucial para os smartphones da Huawei e sua ausência os tornou menos atraentes em muitos mercados, dizem analistas. Apesar disso, as vendas continuam crescendo rapidamente na China, onde a empresa domina o mercado.
Os Estados Unidos acreditam que a Huawei esteja "envolvida em atividades contrárias à segurança nacional dos Estados Unidos ou a interesses de política externa" e temem que a empresa possa acessar e monitorar comunicações sensíveis do país por meio de sua rede. O governo americano também está pressionando os países aliados a não comprar equipamentos da chinesa.
Ren negou quaisquer esforços ou planos para espionar os EUA, e sugeriu que a ação do governo Trump foi motivada pelo desejo de frear uma empresa chinesa em rápido crescimento.
"Percebemos que quando chegamos a um determinado nível, haveria competição, mas não nos ocorreu que o governo dos EUA estaria tão determinado a tomar medidas tão extremas contra a Huawei", disse Ren durante um painel de discussão.