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Curitiba – Mestre em sociologia política pela Universidade Panthéon-Sorbonne, na França, e presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), o cientista político Geraldo Tadeu Moreira Monteiro acredita que o resultado das eleições legislativas norte-americanas deve afetar pouco a política externa do país, embora seja um bom indicador do rumo da corrida presidencial de 2008. Por telefone, ele falou à Gazeta do Povo sobre a votação nos Estados Unidos.

Gazeta do Povo – Ideologicamente, o Partido Democrata tende a defender mais o trabalhador norte-americano. Um congresso de maioria democrata pode dificultar os tratados de comércio dos EUA com outros países, inclusive com o Brasil?

Geraldo Tadeu Moreira Monteiro – Não acredito em mudança significativa na política externa. Tradicionalmente, o rumo é determinado pelo Executivo, enquanto o Congresso exerce mais um papel de controle. Mesmo nos seis anos do governo (democrata) de Bill Clinton a essência da política externa norte-americana foi mantida. Os dois partidos têm muitas afinidades e são extremamente pragmáticos. O que os une é muito maior do que o que os separa. Por exemplo, há muitos democratas a favor da guerra do Iraque, assim como há republicanos a favor do casamento gay.

Mesmo no Iraque a tendência é de continuismo em relação à política atual?

O que pode ocorrer é uma negociação entre o Congresso e o presidente Bush, de se apontar uma saída no Iraque. A linha de divisão entre os dois é que Bush não admite uma saída de lá. A vitória democrata, porém, não significa que eles vão se retirar logo. O mais provável é que haja um acordo para a fixação de uma retirada, mas em um prazo mais dilatado. Não será uma saída imediata porque Bush não vai aceitar, mas essa negociação é possível. Os próprios democratas não têm uma posição muito fechada.

Como essa eleição vai influenciar a escolha do novo presidente, em 2008?

O resultado de uma eleição nos Estados Unidos sempre dá pistas sobre o pleito seguinte. A eleição no estado de Nova Iorque, por exemplo, praticamente pode definir duas pré-candidaturas presidenciais. Tanto a senadora Hillary Clinton (democrata), que deve vencer por uma grande margem no estado, quanto o governador de Nova Iorque, George Pataki (republicano), que pela primeira vez não se candidata a uma eleição, devem ser figuras importantes no processo eleitoral de 2008 e essa eleição deve determiar a força de cada um.

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