A Suprema Corte da Guatemala acatou o pedido de nove partidos políticos e suspendeu neste domingo (2) o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no país. A decisão vem menos de uma semana após o anúncio de que o segundo turno seria disputado pelos candidatos Sandra Torres, que teve 15,8% dos votos no primeiro turno, e Bernardo Arévalo, que alcançou 11,8 % dos votos. Nas pesquisas de intenção de voto, Arévolo aparecia em oitavo lugar entre os 22 candidatos que disputaram a eleição.
De acordo com a Justiça, a suspensão dos resultados foi declarada para permitir a avaliação de suspeitas de irregularidades e garantir a segurança do processo eleitoral. Com a decisão, serão realizadas novas audiências de revisão de votos pelas Juntas Departamentais e Distritais Eleitorais. O resultado oficial do primeiro turno só será anunciado após a conclusão dessa revisão, que tem prazo máximo de 115 dias.
As suspeitas de uma fraude começaram a aparecer dias logo após o primeiro turno, realizado em 25 de junho, com o surgimento de denúncias de que mil atas eleitorais, o que corresponde a 0,82% do total, teriam sido alteradas. A denúncia foi formalizada pelo Partido Valor, pelo qual Zury Ríos, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983), concorria à Presidência. Nas pesquisas de opinião, Ríos aparecia entre os três favorito, mas acabou em sexto lugar, com apenas 6,57% dos votos.
A decisão de suspender o resultado das eleições gerou reação internacional. A União Europeia (UE) pediu às instituições judiciais e aos partidos políticos que "respeitem a vontade dos cidadãos expressa livremente nas eleições de 25 de junho". Antes mesmo da decisão da corte guatemalteca, a UE já tinha anunciado que os partidos derrotados buscavam deteriorar o Estado de Direito através de uma judicialização do pleito com "fins políticos". A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se manifestou pedindo que "os Poderes do Estado, Legislativo, Judiciário e Executivo, a respeitarem a separação de Poderes, a integridade do processo eleitoral, assim como o trabalho e as conclusões alcançadas neste processo".
A interferência do Judiciário nas eleições guatemaltecas já vinha chamado a atenção internacional quando o Supremo Tribunal Eleitoral do país decidiu negar a candidatura presidencial da líder indígena Thelma Cabrera, argumentando que seu companheiro Jordán Rodas Andrade não pode participar do pleito por estar atualmente enfrentando acusações criminais. Além disso, a autoridade eleitoral excluiu do processo eleitoral o deputado Aldo Dávila, crítico do governo de Alejandro Giammattei, por diversas denúncias de funcionários públicos contra ele.
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