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Fim da era Merkel

Resultado apertado na Alemanha aponta para longas discussões para formação de governo

O líder do Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha, Olaf Scholz, em evento para a imprensa após as eleições gerais alemãs, 27 de setembro (Foto: EFE/EPA/FOCKE STRANGMANN)

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Nas eleições para o parlamento da Alemanha no domingo, os dois partidos majoritários ficaram separados por uma pequena margem. A falta de um vencedor claro aponta para um prolongado período de negociações para a formação do novo governo, que muito provavelmente será composto por três partidos, e consequentemente a definição de quem será o próximo chanceler.

O Partido Social Democrata (SPD) venceu as eleições gerais no país com 25,7% dos votos, uma ligeira vantagem em relação ao bloco conservador CDU/CSU, que ficou com 24,1%, de acordo com resultados preliminares oficiais divulgados nesta segunda-feira e projeções da imprensa alemã.

No entanto, o nome do próximo chanceler da Alemanha só deve ser conhecido daqui a algumas semanas ou até meses, já que os líderes da SPD, Olaf Scholz, e da CDU/CSU, Armin Laschet, manifestaram a intenção de formar uma coalizão de governo. Até lá, Angela Merkel permanece como primeira-ministra.

Scholz anunciou que pretende começar as conversas com os Verdes e o FDP. Laschet também afirmou que começará negociações preliminares com esses dois partidos - segundo a constituição alemã, o cargo de primeiro-ministro não precisa necessariamente ser ocupado pelo líder do maior partido no parlamento, e a formação da coalizão de governo fica a cargo dos partidos.

Os resultados preliminares indicam que essa é a pior derrota na história da aliança entre a União Democrata-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU), o bloco conservador que foi liderado pela chanceler Angela Merkel, que deixa o cargo após 16 anos no poder.

Já os Verdes tiveram o seu melhor resultado em uma eleição nacional, chegando ao terceiro lugar, com 14,8% dos votos, e devem participar das negociações para a formação do próximo governo. A líder dos Verdes, a candidata Annalena Baerbock, e Olaf Scholz já manifestaram interesse em trabalhar juntos.

O Partido Democrático Liberal (FDP) aparece em quarto, com 11,5%, seguido pelo partido da direita nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD), com 10,3%.

A Esquerda está com 4,9%, um porcentagem menor do que o mínimo de 5% exigido para entrar no Parlamento. Porém, o partido deve ter representantes no Bundestag devido a uma exceção a essa cláusula na legislação alemã, já que eles venceram mais de três "mandatos diretos".

Confira quantos assentos no Bundestag cada partido conquistou nas eleições de 2021 e a diferença em relação às eleições de 2017:

  • Partido Social Democrata (SPD): 206 (+53)
  • União Democrata-Cristã e União Social-Cristã (CDU/CSU): 196 (-50)
  • Verdes: 118 (+51)
  • Partido Democrático Liberal (FDP): 92 (+12)
  • Alternativa para a Alemanha (AfD): 83 (-11)
  • A Esquerda: 39 (-30)

As possíveis coalizões

Os resultados preliminares indicam que a Alemanha está a caminho de ter um governo formado por uma coalizão de três partidos, já que a aliança precisará ter o número mínimo de 368 membros do Parlamento. O mais provável é uma aliança entre um dos dois partidos majoritários com os partidos posicionados em terceiro e quarto lugar, Verdes e FDP.

Os candidatos a chanceler da Alemanha: Olaf Scholz (SPD); Annalena Baerbock (Verdes); Armin Laschet (CDU/CSU); Christian Lindner (FDP) (Foto: EFE/EPA/VARIOUS)

Coalizão semáforo:

A coalizão chamada "semáforo", por causa das cores dos seus partidos, entre o SPD (vermelho), os Verdes e o FDP (amarelo), é considerada muito provável no atual cenário, e consistiria em 416 assentos.

Coalizão Jamaica:

A aliança "Jamaica", formada entre CDU/CSU (preto), Verdes e FDP (amarelo), com 406 assentos, é a única coalizão viável sem a presença do partido vencedor, SPD.

Grande Coalizão:

Uma repetição da atual coalizão de governo entre CDU/CSU e SPD, com 402 assentos, é possível, mas improvável, a não ser que as discussões para as outras alianças fracassem. Ambos os partidos - que governaram juntos por 12 dos últimos 16 anos - já disseram que não querem compartilhar o poder um com o outro nessa ocasião.

Coalizão Quênia:

Uma coalizão entre os dois partidos majoritários, CDU/CSU e SPD, com os Verdes teria 520 assentos.

Coalizão Alemanha:

Outra coalizão possível entre os dois partidos majoritários é a chamada "Alemanha", pelas cores preta, vermelha e amarela, que inclui os liberais do FDP, e teria 494 assentos.

Vermelho - Verde - Vermelho:

A única coalizão envolvendo A Esquerda, partido formado por dissidentes do SPD e antigos comunistas da Alemanha Oriental, que durante a campanha foi vista como possível, seria uma aliança incluindo o SPD e os Verdes. Porém, essa coalizão ficaria aquém do mínimo exigido para a formação de governo, com apenas 363 assentos, e portanto é inviável.

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