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Considerado confuso por muitos e condenado por alguns especialistas, o sistema de eleições por meio do Colégio Eleitoral dos Estados Unidos será posto à prova novamente neste ano. O candidato do Partido Democrata, Barack Obama, e seu rival John McCain, do Partido Republicano, lutam para chegar ao "número mágico" de 270 delegados no Colégio, que garante a presidência.

"A única razão pela qual alguns Estados se tornam competitivos e outros não é a demografia", aponta Jack Rakove, professor de ciência política de Stanford, na Califórnia, em entrevista à Agência Estado. Rakove critica o fato de, na campanha dos EUA, os votos de muitos eleitores serem, na prática, indiferentes para o resultado final, já que vivem em regiões predominantemente democratas ou republicanas. "O Colégio Eleitoral introduz algumas distorções sistemáticas, tornando alguns Estados mais importantes que outros.

A eleição não é direta entre os norte-americanos. Para vencer, é preciso que o candidato possua maioria entre os 538 membros do Colégio Eleitoral (270 votos). A divisão de delegados é feita proporcionalmente à população estadual. Uma importante regra é que, na maioria dos Estados, o vencedor no voto popular leva todos os votos correspondentes àquele Estado. As únicas exceções nessa fórmula são Maine e Nebraska, onde os delegados são distribuídos proporcionalmente ao voto popular.

Em alguns Estados, há clara vantagem para uma das duas principais forças políticas norte-americanas: o Partido Republicano ou o Partido Democrata. Mas em outros - os chamados "swing states" - não há um padrão claro. O professor de ciência política Jack Nagel, da Universidade da Pensilvânia, também faz ressalvas o sistema eleitoral do país. Uma das razões é que o candidato mais votado pela população pode perder, dependendo do peso dos Estados no Colégio Eleitoral. Em 1876, 1888 e 2000, o favorito da população como um todo perdeu. Em 2000, a Suprema Corte determinou que a recontagem no Estado da Flórida fosse interrompida, o que resultou na vitória do republicano George W. Bush.

Já em 1824, havia divisão política e nenhum dos candidatos conseguiu o número necessário para vencer no Colégio Eleitoral. Nesse caso, a Câmara dos Representantes determina o vencedor. Naquela ocasião foi John Adams, e não o preferido dos eleitores, o senador Andrew Jackson. As eleições nos 50 Estados e no distrito de Colúmbia ocorrem hoje, mas somente em 15 de dezembro o Colégio Eleitoral apontará formalmente o presidente.

Na reta final, os partidos colocam em campo suas táticas para vencer nos Estados cruciais, garantir os tradicionalmente aliados e também "beliscar" alguma área do rival. Nesse quadro pode ser entendido, por exemplo, o fato de Obama freqüentemente realizar comícios em Estados onde Bush venceu nas eleições de 2004, como no Novo México e no Colorado. O democrata quer ganhar espaço no território em que o rival triunfou na eleição anterior.

Já McCain nos últimos dias tem feito campanha em alguns Estados que apontam vários delegados, como a Pensilvânia, responsável por 21 deles. "Ele está tentando ganhar um Estado grande, em vez de se concentrar em três ou quatro menores", opina o professor de ciência política Charles Franklin, da Universidade de Wisconsin, Madison.

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