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Resultados de eleições na Itália trazem risco de ingovernabilidade

O líder de centro-esquerda Pierluigi Bersani – com mulher e filhas – espera ser indicado premiê | Paolo Bona/Reuters
O líder de centro-esquerda Pierluigi Bersani – com mulher e filhas – espera ser indicado premiê (Foto: Paolo Bona/Reuters)

A Itália — terceira maior economia da zona do euro, em recessão — caminhava ontem para um cenário de ingovernabilidade, isto é, uma situação em que nenhum dos partidos consegue força suficiente para compor um governo de coalizão. Surge o fantasma de uma nova eleição, num contexto particularmente difícil para o país e para a Europa em crise.

Os resultados apontavam para uma vitória por um fio do Partido Democrático, de Luigi Bersani, na Câmara, onde a legislação eleitoral dá ao primeiro colocado 54% das cadeiras. A coalizão de centro-esquerda havia conseguido 29,5% dos votos, contra 29,1% para o grupo de centro-direita de Silvio Berlusconi, que já foi três vezes premier e domina a cena política italiana há duas décadas. O secretário da legenda do ex-premier, Angelino Alfano, reivindica que os resultados sejam revistos, numa tentativa de impedir que o partido de Bersani seja declarado vencedor.

No Senado, onde não há esse bônus para o primeiro colocado, a votação foi muito apertada. Bersani despontava com 31,6% dos votos contra 30,7% para o ex-premier, o que está longe de garantir maioria à centro-esquerda.

Descrentes da classe política, os italianos ergueram como terceira maior força política um movimento inteiramente fabricado na internet, único na Itália e na Europa: o Movimento 5 Estrelas, liderado por um comediante que percorreu as praças pregando ética política e fim da corrupção, Beppe Grillo. Ele obteve 25,5% dos votos na Câmara e 23,8% no Senado.

O eleitorado ressuscitou quem era dado como morto — o polêmico magnata da mídia e líder da direita italiana, Silvio Berlusconi, do partido O Povo da Liberdade. E enterrou Mario Monti, o tecnocrata, ex-comissário europeu, que governou o país durante a crise.

Para governar a Itália, um partido ou uma coalização precisa de maioria na Câmara e no Senado. Nesta eleição turbulenta, ninguém conseguiu isso.

"Os resultados são incertos. Só amanhã (hoje) poderemos fazer uma avaliação aprofundada", disse Monti, o maior derrotado.

Com o Parlamento bloqueado e dividido entre duas correntes irreconciliáveis, a Itália corre o risco de mergulhar na paralisia política. "Se os partidos falharem em formar uma coalizão comprometida em reformar economicamente o país e mudar as regras eleitorais, a Itália ficará ingovernável", alertou Stefano Folli, colunista político do jornal Il Sole 24 Ore.

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