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O segundo turno das eleições legislativas na França, realizado neste domingo (7), teve resultados surpreendentes. A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) foi a vencedora do pleito, como o grupo a obter mais cadeiras na Assembleia Nacional, 180 ao todo.
Em segundo lugar, veio a coalizão centrista do presidente Emmanuel Macron, com 159 assentos. Por fim, a direita nacionalista do Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, que em algumas pesquisas chegou a aparecer com chances de obter a maioria absoluta na casa (289 cadeiras), atingiu apenas 142.
Esquerda e centro conseguiram frear a ascensão do RN por meio de uma estratégia após o partido ser o mais votado no primeiro turno, realizado no domingo anterior (30).
Em um período de cerca de 48 horas, 224 candidatos dos dois blocos políticos que tinham poucas chances de vencer no segundo turno retiraram suas candidaturas, dessa forma, estimulando uma polarização na disputa de cadeiras com o RN.
Na França, ao contrário do que ocorre nas eleições majoritárias no Brasil, o segundo turno das eleições legislativas não é necessariamente disputado por apenas dois candidatos.
No primeiro turno, é eleito diretamente o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos e um total de votos superior a 25% do eleitorado registrado num distrito. No primeiro turno, 76 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional da França foram definidas.
Se nenhum candidato atingir o patamar estabelecido, é realizado um segundo turno, reunindo os dois candidatos mais votados no segundo turno, mais os que tenham recebido um total de votos superior a 12,5% dos eleitores registrados.
Dessa forma, vários candidatos podem participar do segundo turno no mesmo distrito eleitoral. Segundo levantamento do jornal Le Monde, antes da retirada de candidatos promovida pela esquerda e pelo centro, 190 das disputas do segundo turno seriam entre dois candidatos, 306 entre três candidatos e cinco entre quatro postulantes.
Depois da retirada em massa, o número de duelos subiu para 409, o que facilitou a vitória de candidatos da esquerda e do centro, dada a rejeição de grande parte do eleitorado francês à direita nacionalista.
Uma pesquisa do instituto Elabe realizada logo após o primeiro turno mostrou que o RN poderia conseguir até 295 cadeiras na Assembleia Nacional, ou seja, a maioria absoluta na casa. Com a estratégia da esquerda e do centro, chegou a apenas 142 assentos, mesmo subindo sua participação no total de votos de 33% para 37% entre o primeiro e o segundo turnos.
A manobra deixou o Parlamento francês sem nenhum grupo com maioria absoluta, o que resultou num impasse político ainda sem perspectiva de solução.