Terminou nesta segunda-feira a moratória para novas construções nos assentamentos israelenses na Cisjordânia sem que os palestinos tenham cumprido sua promessa de abandonar as negociações de paz, o que dá aos Estados Unidos mais tempo para tentarem salvar as negociações.
Trabalhos de terraplanagem começaram em pelo menos dois assentamentos, mas o fim da moratória coincide com uma semana de feriado para os judeus, período em que aparentemente não haverá obras de grandes dimensões.
O governo dos EUA pressiona Israel a renovar a moratória na ampliação dos assentamentos, adotada unilateralmente há dez meses. Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não quis entrar em atrito com aliados políticos ligados aos colonos.
"Israel está pronto para buscar contínuos contatos nos próximos dias para encontrar uma forma de manter as negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina", disse Netanyahu em nota divulgada minutos depois do fim da moratória, à meia-noite (hora local).
As autoridades palestinas deixaram claro que a decisão de abandonar ou não as negociações só será tomada depois do próximo encontro da Liga Árabe, em 4 de outubro.
Em visita a Paris, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, manifestou frustração, mas evitou ameaças diretas de abandonar o processo de paz, retomado no começo de setembro após um hiato de 20 meses. "Se Israel escolher a paz, vamos continuar a negociar. Se não, será uma perda de tempo", disse ele a jornalistas.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a posição de Washington sobre os assentamentos não mudou, e que o governo continua em "estreito contato com ambas as partes e irá se reunir novamente com os dois lados nos próximos dias". A meta norte-americana é concluir as bases do acordo dentro de um ano.
Netanyahu pediu moderação aos colonos e não descarta a possibilidade de limitar a expansão das moradias nos assentamentos. Mas os colonos prometeram começar a erguer cerca de 2 mil casas na semana que vem, após a festividade religiosa do Sukkoth.
Mais de 430 mil judeus vivem em mais de cem assentamentos nos territórios ocupados por Israel desde 1967. Os palestinos dizem que os assentamentos inviabilizam a criação de um Estado independente e contíguo.