Uma crise humanitária de proporções históricas vem crescendo na Europa, com centenas de milhares de refugiados e migrantes econômicos do Oriente Médio, da África e de partes da Ásia que atravessaram as fronteiras do continente só neste ano. A maioria das pessoas que faz a perigosa travessia em todo o Leste do Mediterrâneo é de refugiados sírios, deslocados por uma horrível guerra civil, que forçou cerca de metade da população do país a sair de suas casas.
Notícias recentes falam em refugiados e imigrantes desesperados, à mercê de contrabandistas e traficantes de seres humanos. Fugitivos que têm confrontado muros e soldados, e estão morrendo afogados no Mediterrâneo, ou sufocados na parte traseira de caminhões.
Durante o ano passado, muitos na Europa se irritaram com o fluxo de imigração — de movimentos políticos de extrema-direita e tabloides disseminando o medo a políticos e líderes dos países. O ressentimento tem a ver, em parte, com o fardo de gerenciar a chegada dos refugiados. Mas também é em boa quantidade uma xenofobia latente — levando a protestos anti-Islã, ataques a abrigos de refugiados e uma boa dose de arrogância intolerante.
Alguns governos da Europa Oriental têm, inclusive, indicado especificamente que não querem acomodar os refugiados não cristãos, pelo suposto temor sobre a incapacidade de os muçulmanos se integrarem à sociedade ocidental.
“Os refugiados estão fugindo por medo”, pediu um porta-voz da agência de refugiados da ONU na semana passada. “Os refugiados não podem ser temidos.”
É importante reconhecer que esta não é a primeira vez que o Ocidente tem observado cautelosamente massas de refugiados. E, enquanto alguns classificam as chegadas de muçulmanos como supostamente a única ameaça, a xenofobia do presente emite ecos diretos de um momento muito diferente: os anos antes da Segunda Guerra Mundial, quando dezenas de milhares de judeus alemães foram obrigados a fugir da Alemanha nazista.
Considere este artigo de 1938, no Daily Mail, um tabloide britânico ainda conhecido por seus surtos de populismo de direita. Sua manchete alertava para “uma enxurrada de judeus alemães para dentro deste país”. E começou como segue: “A maneira como os judeus apátridas e alemães estão chegando dentro de cada porto deste país está se tornando uma afronta. Vou buscar cumprir a lei ao máximo.”
Com estas palavras, o Sr. Herbert Metcalde, um magistrado da velha guarda, referia-se na época ao número de estrangeiros que entravam neste país pela “porta dos fundos” — um problema para o qual o Daily Mail tem apontado repetidamente.
Não importava a retórica alarmante do Estado fascista de Hitler — e os crescentes atos de violência contra judeus e outros: o sentimento popular na Europa Ocidental e nos Estados Unidos foi em grande parte indiferente ao sofrimento dos judeus alemães.
“De todos os grupos no século XX”, escrevem os autores do livro 1999, os refugiados na época do genocídio, refugiados do nazismo, são agora ampla e popularmente percebidos como ‘genuínos’, mas naquela época judeus alemães, austríacos e tchecoslovacos foram tratados com ambivalência: com hostilidade, bem como com simpatia”.
Parte desta hostilidade foi alimentada, como algumas das reclamações europeias são agora, por estereótipos dos refugiados como propagadores de uma ideologia perigosa — naquele momento, o comunismo e a violência anarquista.
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