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Paul Manafort (D), ex-gerente de campanha de Donald Trump, em 2016, decidiu cooperar em investigações sobre influência russa nas eleições de 2016 | NICHOLAS KAMM/AFP
Paul Manafort (D), ex-gerente de campanha de Donald Trump, em 2016, decidiu cooperar em investigações sobre influência russa nas eleições de 2016| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

O ex-chefe de campanha do presidente Donald Trump, Robert Manafort, decidiu nesta sexta (14) cooperar com a equipe do procurador especial Robert Mueller, que investiga as relações entre o pleito de 2016 e a Rússia. A decisão representa mais um revés para Trump às vésperas das eleições legislativas de novembro e poderia aumentar as chances de um impeachment. 

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que a decisão "não tem absolutamente nada a ver com o presidente ou sua campanha presidencial vitoriosa de 2016. 

As acusações contra Manafort estão relacionadas ao seu trabalho de consultoria na Ucrânia, e não à interferência russa, que é a questão central na investigação de Mueller. O movimento desta sexta-feira dá a Mueller outra convicção bem-sucedida e permite que Manafort evite enfrentar outro julgamento público. O ex-diretor da campanha de Trump foi condenado no mês passado por oito crimes financeiros. 

Manafort deve ser questionado sobre temas como o conluio entre a campanha do republicano e Moscou e as supostas tentativas de obstrução de Justiça por parte do presidente. 

O republicano critica frequentemente as apurações sobre a relação entre a campanha de 2016 e a Rússia, chamando-as de "caça às bruxas". Além disso, três agentes do alto escalão do FBI (polícia federal americana) envolvidos com as investigações foram demitidos após atritos com Trump. 

As acusações contra Manafort 

Como parte do acordo com Mueller, Manafort vai se declarar culpado de duas acusações de conspiração -contra os Estados Unidos e para obstruir a Justiça- durante audiência na Corte Distrital do Distrito de Colúmbia, realizada nesta manhã. Os detalhes da sessão serão revelados nas próximas horas. 

O acordo ajuda a reduzir o número de acusações contra Manafort: os investigadores do caso vão derrubar cinco das sete acusações pendentes contra ele. 

Manafort deverá admitir ter canalizado milhões de dólares em contas no exterior para esconder sua renda do Serviço de Receita Interna, o equivalente à Receita Federal brasileira. "Manafort enganou os Estados Unidos em mais de US$ 15 milhões em impostos", afirma documento da Justiça americana, que também oferece novos detalhes sobre as várias maneiras pelas quais Manafort tentou secretamente pressionar o governo dos EUA e influenciar a opinião pública americana em relação à Ucrânia. 

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Em 2012, Manafort começou a ajudar seu cliente, o presidente ucraniano Viktor Yanukovych, a denegrir a reputação da rival política de Yanukovych, Yulia Timoshenko, segundo o documento. "Manafort afirmou que 'meu objetivo é plantar alguma coisa ruim sobre Tymo'", diz o documento. No momento em que ele fez essa declaração, estava tentando fazer com que veículos de imprensa dos EUA divulgassem que Timoshenko pagou pelo assassinato de um oficial ucraniano. 

Como parte de seu acordo, o governo planeja apreender quatro propriedades, incluindo uma casa de quase US$ 2 milhões em Arlington, Virginia, de propriedade de uma das filhas de Manafort. O acordo também pede a perda de quatro contas financeiras e uma apólice de seguro de vida. 

 Trump chegou a elogiar o ex-chefe de campanha no mês passado, quando ainda não havia aceitado um acordo com os procuradores, ao contrário do seu ex-advogado Michael Cohen. "Ao contrário de Michael Cohen, ele se recusou a 'quebrar' -inventar histórias para conseguir um acordo. Muito respeito por um homem corajoso!", escreveu Trump em uma rede social, referindo-se ao seu ex-advogado, que firmou acordo com Mueller. 

O que pode acontecer agora? 

No mês passado, Manafort foi considerado culpado em oito acusações de fraude, escapando de outras dez após o júri não conseguir chegar a um veredito. Caso fosse condenado pelas 18 acusações, enfrentaria uma pena de 305 anos na prisão. Ele deve passar ao menos uma década preso. 

O movimento em direção a uma confissão de culpa é outra reversão para Manafort, que lutou veementemente – mas sem sucesso – contra a investigação de Mueller. O consultor político de 69 anos foi condenado no mês passado no tribunal federal de Alexandria por acusações de fraude bancária e fiscal. 

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Qualquer acordo não será definitivo até Manafort admitir culpa perante o juiz, que precisaria aprovar o pedido. Ele foi gerente de campanha de Trump, em 2016, quando este postulava a indicação presidencial do Partido Republicano. 

A cooperação de Manafort com Mueller poderia fornecer aos investigadores novas evidências ou levar à acusação; uma confissão de culpa, no entanto, impediria semanas de manchetes sobre o julgamento no mês que antecede as eleições para o Congresso. 

Quem é Manafort? 

O lobista renunciou à sua posição de gerente de campanha em agosto de 2016, em meio a um escrutínio crescente de seu trabalho em nome de um partido político pró-Rússia na Ucrânia. 

Ao longo de uma carreira de 40 anos, Manafort redefiniu e expandiu a influência de Washington nacional e internacionalmente, transformando campanhas de sucesso em oportunidades de lobby. Mas em meados da década de 2000, havia sinais de que sua carreira de consultor havia caído e, às vezes, suas finanças pareciam instáveis. Foi na Ucrânia que ele reviveu ambos – de maneiras que os promotores dizem violar a lei. 

O julgamento de Manafort envolve ilícitos cometidos em relação a seu trabalho na Ucrânia. O júri da Virgínia descobriu que Manafort escondeu milhões de dólares no país europeu para evitar o pagamento de impostos e depois mentiu para obter empréstimos, quando o partido político para para o qual trabalhava foi afastado do poder e o financiamento acabou.

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