Curitiba Há quem julgue que o primeiro-ministro Ariel Sharon e o novo líder do Partido Trabalhista Amir Peretz vão acabar se unindo em uma coalizão para a eleição geral de março de 2005 ou que, depois do pleito, formarão um governo compartilhado. Outros analistas acham que as diferenças entre eles são tantas, e tão essenciais, que não há chance de os dois líderes chegarem a um consenso. Num ponto todos concordam: as recentes manobras políticas de Israel, deflagradas pela decisão do premier de fundar um novo partido e pedir a dissolução do Parlamento, significam uma perda política para o Likud, que, sem Sharon, parte para a corrida eleitoral com poucas chances de vitória.
Peretz representa uma grande mudança no mapa político israelense, analisa Gilberto Sarfati, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Jerusalém e professor das Faculdades Integradas Rio Branco. De origem marroquina, foi durante 20 anos líder da "CUT" israelense. Ele tende a atrair os votos dos mais pobres, que eram do Likud.
Na segurança, Sharon e Peretz tendem a atuar de forma parecida, diz Sarfati. O processo de mudança também irá ocorrer com os palestinos, que têm suas eleições legislativas marcadas para janeiro.
Sharon perdeu a identidade da direita israelense, avalia Reginaldo Nasser, coordenador do curso de Relações Internacionais da PUCSP. A retirada da Faixa de Gaza teria rompido a base do próprio Likud. Nasser aponta um momento de crise de legitimidade e de identidade de Sharon, que busca uma posição de centro "light".
Para o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Berel Aizenstein, a decisão de Sharon foi acertada. Ele considera que o povo de Israel se mostra disposto a consolidar um caminho para a paz na região. Mesmo que o Partido Trabalhista obtenha maioria no Parlamento, as mudanças nesse setor serão "cosméticas", afirma.
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