![Revisão de pesquisa atesta vacina para aids Entenda como foi feito o estudo sobre a vacina |](https://media.gazetadopovo.com.br/2009/10/info_mundo_2_20-10-09-1.0.59235519-gpLarge.jpg)
Washington - Os médicos que surpreenderam o mundo científico ao anunciar no mês passado uma vacina que teria evitado algumas infecções pelo vírus da aids divulgaram ontem detalhes do seu trabalho, e disseram que uma cuidadosa revisão ratificou as impressões iniciais.
Os detalhes do estudo, que mostrou que a vacina experimental evitou quase um terço das infecções entre 16 mil voluntários tailandeses, foram publicados na revista New England Journal of Medicine.
"Essa é uma validação dos resultados", disse Jerome Kim, coronel do Exército dos EUA e médico do Instituto de Pesquisa do Exército Water Reed, em Maryland, um dos coordenadores do estudo.
Kim e seus colegas apresentaram os detalhes em uma reunião de pesquisadores da vacina contra a aids em Paris.
A pesquisa combinou duas vacinas: a Alvac, do laboratório Sanofi-Pasteur, concebida para o combate à chamada varíola dos canários; e a frustrada vacina para Aids Aidsvax, desenvolvida pela empresa californiana VaxGen, que hoje pertence à ONG Global Solutions for Infectious Diseases.
O estudo, patrocinado pelos governos dos EUA e da Tailândia, reduziu em 31,2% a taxa de contaminação ao longo de três anos, segundo uma análise dos dados.
A equipe de Kim salientou que o efeito foi modesto e difícil de interpretar, que a vacina não está nem perto de ter uso comercial, e que ela pode não funcionar para a cepa do HIV prevalecente na África, onde a doença é mais comum.
Dias depois do anúncio dos resultados, em setembro, alguns pesquisadores não identificados disseram à revista Science e ao The Wall Street Journal que o estudo era mais fraco do que inicialmente pareceu. Eles contestavam os métodos estatísticos usados na análise dos dados.
A equipe de Kim realizou três análises diferentes uma chamada de análise de intenção de tratamento, outra chamada de análise modificada de intenção de tratamento, e uma terceira chamada análise pró-protocolo.
Kim disse que a análise modificada de intenção de tratamento foi a mais precisa, por excluir sete voluntários que, segundo se soube posteriormente, haviam sido contaminados com o HIV antes de serem vacinados.
Pessoas que questionaram as conclusões, segundo as reportagens, diziam que as análises pró-protocolo e de intenção de tratamento eram estatisticamente insignificantes.
Kim afirmou que sua equipe respondeu aos questionamentos a respeito disso de modo a satisfazer os resenhistas independentes da publicação um processo chamado revisão por pares, que é um dos serviços fornecidos por publicações médicas e científicas.
Em comentário na revista, Raphael Dolin, do Centro Médico Beth Israel Deaconess e da Escola de Medicina de Harvard, em Boston, disse que o estudo havia sido rigorosamente preparado e conduzido. "Embora os métodos de cada tipo de análise possam ser debatidos, todos os três resultaram em um efeito possível, embora modesto, da vacina na prevenção do HIV", escreveu Dolin.
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